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Volume de empréstimos recua 5%

O volume de empréstimos dos bancos às empresas continua a cair. No segundo trimestre, o total caiu 5% em termos reais (descontada a inflação) em relação ao primeiro trimestre.

Nos primeiros três meses do ano, as instituições financeiras já haviam reduzido em 5,1% (também descontada a inflação) sobre o volume de crédito de 2002, de R$ R$ 146,7 bilhões em dezembro de 2002 para R$ 139,2 bilhões no final de março.

Nos últimos doze meses, a redução real do crédito foi de 20,8%, de R$ 159,7 bilhões para R$ 132,2 bilhões. Os dados são da ABM Consulting, empresa especializada no setor bancário.

Mesmo quando se comparam os números sem descontar a inflação a queda impressiona: a redução foi superior a R$ 5 bilhões no período de 12 meses encerrado em junho e alcançou R$ 557 milhões no mês passado, em comparação a maio, de acordo com dados divulgados pelo Banco Central.

Giro e duplicatas caem mais

Entre as linhas mais usadas pelas empresas, as maiores quedas no primeiro trimestre ocorreram no capital de giro (4,7%) e no desconto de duplicatas (4,3%).

O crédito para a conta garantida caiu 1% e o desconto de notas promissórias despencou 49,3%, a maior baixa.

Na avaliação do consultor Alberto Matias, sócio da ABM, os bancos têm limites para aumentar o crédito sem aumentar o patrimônio, mas ele observa que o alto nível dos compulsórios está impedindo o aumento da concessão de crédito.

“Existe folga no patrimônio, mas não existe oferta de recursos. Níveis de compulsórios mais baixos são o que realmente geram o aumento do crédito”, afirmou.

Compulsório inibe

Segundo o consultor, existe demanda por crédito, mesmo a taxas mais elevadas que as praticadas hoje pelos bancos, mas os altos níveis do compulsório, que têm efeito multiplicador, restringem a oferta de crédito.

“Existem linhas de crédito com taxas de 160% ao ano e se tivesse oferta de crédito a taxas de 300% existiriam tomadores”, afirmou.

Ele lembra que nos países desenvolvidos, como no caso da Alemanha, o percentual do crédito em relação ao PIB é de 164%, enquanto no Brasil é de apenas 23%.

Também o nível de compulsório nos países desenvolvidos é, em média, abaixo de 20%, enquanto no Brasil é de 60% sobre os depósitos à vista.

Tadeu Resca, consultor, porém, entende que os bancos poderiam aumentar já a oferta de crédito, sem necessariamente haver a redução dos compulsórios.

“Os bancos brasileiros estão enquadrados com folga no limite e têm como expandir suas carteiras de crédito”, afirmou.

Sem fazer uma previsão sobre o percentual destinados nas carteiras, ele entende que os bancos estão direcionando mais recursos à compra de títulos públicos.

O consultor espera o balanço dos principais bancos, a serem divulgados nos próximos dias, para avaliar o percentual destinado ao crédito e o destinado à compra de títulos públicos.

Para o terceiro trimestre, a previsão é de que ainda haverá restrição ao crédito e apenas no último trimestre do ano se espera aumento dos financiamentos.

O crescimento do volume de empréstimos, no entanto, não será por política das instituições financeiras. Acontecerá porque, no final do ano, a queda da taxa básica começará a chegar para o tomador final e há o aumento sazonal da demanda por crédito.

Valdete de Oliveira

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