Volta a crescer o comércio entre Brasil e Argentina
O comércio entre Brasil e Argentina registrou no mês passado uma melhora sensível, com crescimento de 59,4% nas vendas brasileiras em comparação com o que foi embarcado ao país vizinho no mesmo mês do ano passado. O total vendido pelo Brasil foi de US$ 228 milhões. Na comparação com dezembro do ano passado, o crescimento foi de 0,8%.
Apesar de positivo, o grande aumento inter anual se deve ao fato de janeiro de 2002 ter sido o mês mais grave da crise política e econômica vivida pela Argentina, com mudanças políticas e restrições à movimentação bancária cujas conseqüências atingiram o comércio bilateral.
As vendas argentinas ao Brasil também cresceram 15,1% em relação a janeiro de 2002, e o saldo da balança comercial foi de US$ 199 milhões em favor da Argentina. Os dados foram compilados pelo Centro de Estudos Bonaerense (CEB).
As exportações da Argentina totalizaram US$ 427 milhões, maior valor desde maio de 2002. O crescimento nas vendas do país vizinho na comparação com o mesmo mês do ano anterior foi o primeiro desde maio de 2001 e o maior desde janeiro do mesmo ano. Segundo avaliação do CEB, o resultado de janeiro indica que pode estar se intensificando o processo de recuperação do comércio bilateral iniciado de maneira tímida nos últimos meses de 2002.
No ano passado, a Argentina obteve o superávit recorde de US$ 2,396 bilhões com o Brasil, mas o saldo positivo foi obtido não com um incremento do comércio bilateral, mas porque a diminuição das vendas brasileiras (de 53,4%) superou em muito a queda dos embarques de produtos argentinos (de 23,6%).
De acordo com o CEB, o principal fator que determinará o incremento das exportações ao Brasil é o crescimento da produção industrial brasileira, o que aumentaria a demanda por insumos vindos da Argentina. A entidade avalia que a expansão da economia brasileira atua como uma espécie de motor do crescimento no país vizinho, e as possibilidades de incremento das exportações argentinas estaria mais condicionada ao crescimento do Brasil do que à uma eventual situação cambial que aumente a competitividade dos produtos fabricados na Argentina.
Outros fatores que podem favorecer as vendas da Argentina são o aumento dos preços internacionais de commodities exportadas ao Brasil, como grãos e derivados de petróleo.
A melhora do comércio bilateral neste ano também estará condicionada à possibilidade de normalização do sistema financeiro, para que o setor industrial argentino possa adquirir insumos com o objetivo de ampliar sua produção e diminuir sua grande capacidade ociosa.