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Vendas do varejo voltam a crescer

Guarulhos, 03 de agosto de 2004

O movimento das consultas ao Serviço Central de Proteção ao Crédito (SCPC) e ao UseCheque, indicadores das vendas a prazo e a vista do Instituto de Economia “Gastão Vidigal” da Associação Comercial de São Paulo (ACSP), demonstram continuidade na trajetória de recuperação do varejo. Em julho, as consultas ao SCPC apresentaram aumento de 6,9% em relação a igual mês de 2003. No UseCheque, as chamadas cresceram 4,7% na mesma comparação, enquanto no acumulado dos últimos sete meses houve uma elevação de 7% no crediário e de 1,7% nas compras com cheque.

As estatísticas também revelam que a inadimplência vem se mantendo estável (alta de 2,3%) devido ao forte movimento de renegociação de débitos (elevação de 11,3%), o que demonstra a preocupação do consumidor em honrar suas dívidas.

“Os dados evidenciam a retomada do movimento do varejo em 2004, impulsionada inicialmente pelo crediário (com a redução da taxa de juros), mas a base de comparação com 2003 ainda é fraca”, alerta o presidente da ACSP, Guilherme Afif Domingos. Ele, porém, admite que já existem sinais de uma lenta recuperação da renda.

As vendas, segundo Afif Domingos, devem continuar em ritmo de crescimento com a chegada da comemoração do Dia dos Pais. Entretanto, ele destaca que, como a data deste ano será no dia 8, e em 2003 caiu no dia 10, o período para que os consumidores façam suas compras após o recebimento do salário será menor.

Frio aquece vendas – De acordo com o economista Emílio Alfieri, do Instituto “Gastão Vidigal”, vale lembrar que as baixas temperaturas registradas neste ano foram mais uma vez fatores determinantes no movimento de compras.

Na primeira quinzena de julho, as vendas a crédito tiveram alta de 9,1% enquanto as a vista subiam apenas 0,6%. Na segunda quinzena, com a queda da temperatura, o quadro se inverteu. As transações a vista tiveram alta de 8,5% e as a prazo, 5%. “Tradicionalmente as roupas de inverno são compradas a vista. Quando faz frio esse indicador sobe”, explica.

Falências e concordatas – A dimensão real de insolvências das empresas da capital no mês de julho não pôde ser expressa com clareza neste estudo, alerta Alfieri. “A greve da Justiça afetou substancialmente o movimento de falências e concordatas, por isso esses dados não servem como base de comparações.” Nos próximos meses, depois que o ritmo de trabalho do Judiciário voltar ao normal, a ACSP consolidará os dados e fará uma média para o mês de julho.

A continuidade da recuperação da economia, segundo o economista da ACSP, depende sobretudo da recuperação do emprego e da renda. Só a partir de setembro, quando a base de comparação dos indicadores deste ano com 2003 ficar mais forte, é que será possível observar se o crescimento continuará. “Por enquanto ainda é prematuro falar em crescimento sustentável”, afirma Alfieri.

Tsuli Narimatsu