ACE-Guarulhos

Vendas aquecidas com o frio do outono

O resultado das vendas do varejo na primeira quinzena de maio revela que a queda nos termômetros está ajudando a esquentar o comércio. Na comparação com o mesmo período do ano passado, o movimento do UseCheque (indicador das vendas à vista) cresceu 3,7%. Em relação a abril deste ano, a alta foi de 10,9%. Segundo o presidente da Associação Comercial de São Paulo (ACSP), Guilherme Afif Domingos, o ramo de confecções e o de calçados foram especialmente beneficiados com o frio que chegou a São Paulo.
A temperatura mais baixa elevou a procura pelas peças da nova coleção outono-inverno. Um impulso às vendas que deve continuar nos próximos dias.

Apesar do aumento das transações a vista, o crediário ainda é o grande motor do varejo. Na primeira quinzena de maio, os parcelamentos continuaram alavancando a saída de bens de maior valor, caso dos produtos eletroeletrônicos e móveis. Nesse período, o número de consultas ao Sistema Central de Proteção ao Crédito (SCPC) cresceu 7,9% na comparação com maio do ano passado. Em relação ao mês anterior, abril, a alta foi de 15%.

Justificativa – “O crescimento do movimento no varejo é explicado, em parte, pela baixa base de comparação, mas, também, pelas melhores condições da economia, com taxas de juros inferiores às de um ano atrás e também pelo bom desempenho de alguns setores, especialmente os voltados para exportação”, explica Afif Domingos.

Ele adverte que a recuperação do varejo baseada no crédito somente será sustentável se houver continuidade na queda das taxas de juros, o que permitirá a retomada da produção voltada ao mercado interno e a recomposição da massa salarial. “Considerando que o espaço para a redução da taxa Selic vem se estreitando, precisamos adotar medidas para diminuir o spread bancário (diferença dos juros dos bancos e os do consumidor final) , a começar pelo corte dos depósitos compulsórios e da tributação sobre operações financeiras”.

Apesar da turbulência internacional, o presidente da ACSP considera que existem condições a redução da taxa Selic nesta semana, já que o indicador de inflação, o IPCA, está dentro da meta prevista e a demanda ainda é fraca, dificultando o repasse dos aumentos de custos para os preços aos consumidores.

Volta ao passado – Depois de um longo período de retração econômica, o comércio está retomando o ritmo de vendas de dois anos atrás. “Estamos voltando ao patamar de 2002-2001. É a recuperação de terreno perdido”, diz o economista da ACSP Emílio Alfieri. A boa notícia, segundo ele, está no crescimento de 25,1% dos cancelamentos de registros no SCPC, ou seja, de pessoas que estão limpando o nome.

Tsuli Narimatsu

Sair da versão mobile