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Varejo: recuperação a passos lentos

As vendas no comércio continuam registrando crescimento, embora em ritmo mais lento. Em agosto, as consultas ao Serviço Central de Proteção ao Crédito (SCPC), que refletem os negócios a prazo, tiveram aumento de 12,1% na comparação com o mesmo período do ano passado. Mas, em relação ao mês de julho, houve uma queda de 1,8%. Já no Usecheque, que mede as vendas a vista, não houve alteração na comparação com 2003, mas a exemplo do SCPC, o movimento caiu 1,6% sobre julho.

Na avaliação do presidente da Associação Comercial de São Paulo (ACSP), Guilherme Afif Domingos, o resultado mostra que as vendas de bens duráveis, que dependem do crediário, mantiveram em agosto o bom desempenho dos meses anteriores comparativamente a idêntico período do ano anterior, apesar de apresentarem ligeira desaceleração em relação a julho. “Embora a base de comparação do ano passado seja fraca, todos os indicadores demonstram recuperação da economia, puxada inicialmente pelas exportações e depois pelo crédito”, lembra Afif Domingos.

Opinião semelhante tem o economista do Instituto de Economia Gastal Vidigal, da ACSP, Emílio Alfieri. Ele diz que, embora o resultado sobre o ano anterior seja bastante “robusto”, ainda não dá para usá-lo como projeção para os próximos meses, especialmente para o final de 2004. A exemplo do que disse Afif, o motivo é a base de comparação. “O ritmo de vendas ainda é bom, quando comparado a 2003, mas, a partir de agora, o crescimento deve desacelerar. Prova disso é que sobre julho as consultas ao SCPC já apresentou até uma pequena redução”, explica Alfieri.

“Só será possível saber se o crescimento irá se consolidar a partir de outubro, quando a base de comparação estará mais equilibrada, pois foi a partir daquele mês que o consumo começou a se recuperar no ano passado”, complementa o economista da ACSP.

Vendas a vista – Quanto à queda nas vendas de não duráveis, Afif diz que, embora o clima tenha permanecido frio em boa parte do mês – o que puxou as transações em julho -, o varejo praticamente não dispunha de estoques de artigos de inverno, o que explica o resultado fraco do UseCheque.

O presidente da ACSP se diz preocupado com a elevação das taxas de juros ao consumidor, movimento que teve início após a divulgação do relatório do Comitê Monetário (Copom), sinalizando a possibilidade de aumentar a taxa Selic. Para ele, uma alta dos juros neste momento poderá comprometer o ritmo da recuperação, sobretudo a contratação do comércio para o final do ano. “Da mesma forma que não reduziu a Selic quando o cenário era favorável, entendemos que não há razão para que o Copom promova uma elevação agora”, afirma.

Guilherme Afif Domingos espera que sejam tomadas medidas que permitam a redução do spread bancário para consolidar a reativação, ainda tímida, do emprego e da renda. Uma delas, já anunciada pelo ministro da Fazenda, Antonio Palocci, a de criar condições para que os cadastros positivos possam funcionar.

Inadimplência – No mês de agosto, os registros recebidos de inadimplentes cresceram em 8,2%. Mas, também, os cancelados subiram 9,5%, o que demonstra que a inadimplência está estabilizada.

Patrícia Büll

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