De acordo com as estatísticas, o número de consultas ao Serviço Central de Proteção ao Crédito (SCPC), que reflete as vendas no crediário, caiu 5,8% no período. Já a redução nas transações a vista, medidas pelas chamadas ao UseCheque, foi de 5,7%.
Os percentuais negativos mostram o quanto o bolso do consumidor continua apertado, apesar da melhora no cenário macroeconômico e de todo o apelo do mês de agosto. A primeira quinzena do mês contou com o incentivo da comemoração do Dia dos Pais e de uma grande queda na temperatura (os últimos dias foram os mais frios do ano).
No quadro macro, as reduções contínuas da taxa básica de juros, a Selic, e a diminuição do depósito compulsório dos bancos, também deveriam contribuir para estimular o consumo. Isso porque as medidas ampliam a oferta de capital no mercado.
Melhora gradativa – Para o presidente da ACSP, Guilherme Afif Domingos, essa melhora no movimento do comércio deve vir de maneira gradativa. Ela acontecerá à medida que os varejistas se antecipem às decisões do Comitê de Política Monetária (Copom) em novas reduções da Selic e em mais uma diminuição dos compulsórios bancários.
“Todos os indicadores da economia recomendam essas medidas, pois a inflação vem desacelerando fortemente e o nível de atividade está muito baixo”, diz Afif Domingos.
De acordo com o economista Emílio Alfieri, do Instituto de Economia Gastão Vidigal, os sinais de recuperação nas estatísticas do crediário devem começar a aparecer em outubro. “Nesse mês devemos ter três fatores que contribuirão para isso: prazos mais longos, juros mais baixos e uma base de comparação mais fraca”, afirma.
Ele lembra que em outubro de 2002 houve uma grande elevação da Selic, que acabou derrubando as vendas no crediário. Já em agosto do ano passado, os juros estavam em 18%, patamar bem inferior aos atuais 24,5% anuais. Isso explicaria o porque da redução no movimento das vendas a prazo na comparação da última quinzena com o mesmo período de 2002.
“É importante observar ainda que a queda do crediário foi menor do que a do mês de julho, que registrou diminuição em 7,5% nas transações do varejo em relação ao mesmo período do ano passado”, diz o economista. O ritmo menor de queda é, na opinião de Emílio Alfieri, mais um indicador de que a virada das vendas está cada vez mais próxima.
Inadimplência – Os indicadores da Associação Comercial de São Paulo referentes à primeira quinzena de agosto também mostraram que a inadimplência no varejo tem se mantido sob controle. Os registros recebidos pelo SCPC foram 12,2% menores em relação a agosto do ano passado. Já os registros cancelados caíram 5,5% na mesma comparação. Com relação à quinzena anterior, houve aumento de 8,4% nos recebimentos.
Estela Cangerana