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Transporte aéreo é opção para pequenas empresas

Guarulhos, 14 de março de 2005

O crescimento das exportações em 2004 trouxe recorde para vários setores da economia, entre eles, o de transporte de cargas aéreo. Embora quase a totalidade das vendas brasileiras ao exterior utilizem o modal marítimo (cerca de 97%), no ano passado os principais aeroportos do País registraram aumento no movimento de cargas. A Infraero, empresa estatal que administra 66 aeroportos no Brasil, registrou um recorde histórico nas transações do comércio exterior ao longo de 2004.

Na importação, o crescimento em relação a 2003 foi de 30,25%, atingindo a marca de 289.188 toneladas. Na exportação, a expansão atingiu os 25,30% sobre o ano anterior e totalizou 302.878 toneladas. “Se compararmos o volume total exportado pelo Brasil, o uso do modo aéreo é pequeno, não chega a 3%, mas em valores passa de 40%”, explica o superintendente de logística de cargas da Infraero, Luiz Gustavo Schild.

Isso porque o preço do transporte aéreo pode ser até 15% maior que o modal marítimo, dependendo da mercadoria e do valor agregado. E exatamente em função dessa disparidade nos valores, nem o representante da Infraero, nem outros especialistas em logística indicam o modal aéreo para commodities e/ou produtos que não necessitam cuidados específicos.

“O transporte aéreo é recomendado para mercadorias de valor especial que exigem segurança e rapidez na entrega, tais como pequenas peças de computadores, jóias ou produtos perecíveis”, afirma o consultor em logística da Qualilog, Cristiano Cecatto.

Preferências – De acordo com o Ministério do Desenvolvimento, Indústria e Comércio Exterior (MDIC), as mercadorias mais transportadas por aviões são autopeças, eletrônicos, perecíveis e medicamentos.

As especificações dos produtos vendidos por micro e pequenas empresas fazem com que elas sejam as maiores utilizadoras desse modal. Segundo o MDIC, cerca de 9% das vendas externas de micro e pequenas companhias é feita por aeroportos. “Elas preferem porque é mais fácil de ser gerenciado, dá para acompanhar o fluxo das mercadorias pela Internet e ainda diminui o prazo de entrega”, explica Cecatto.

Além disso, essas empresas, em geral, não têm espaço para estoques e por isso precisam desovar logo os produtos. No caso das pequenas companhias, o comprador normalmente é quem paga o frete.

O uso do modal aéreo é bastante prático e rápido para determinados produtos. No entanto, exige conhecimento específico da legislação aduaneira brasileira e do país para o qual a mercadoria será enviada e esse é o principal entrave para os empresários.

Ajustes – Para Wagner Borelli, presidente da Comissão de Coordenação do Terminal de Logística de Cargas (CTT) de Guarulhos e coordenador de operação de cargas da American Airlines, “as empresas brasileiras têm mania de fazer ajustes na documentação na última hora, o que provoca grandes gargalos. Além disso, no transporte de produtos perecíveis, uma pequena demora pode custar toda uma carga”.

Schild, da Infraero, também acredita que o principal problema para os exportadores é a falta de conhecimento da legislação. “Eles reclamam, por exemplo, que voltamos os produtos sem etiqueta, mas não sabem que fazemos isso porque o país receptor não receberá as mercadorias sem elas. Reclamação desse tipo é desculpa para incompetência”, afirma o executivo.

Para resolver a questão, os especialistas recomendam a contratação de empresas trades e despachantes aduaneiros idôneos, ou, no mínimo, funcionários especializados em logística e relações internacionais.

Fernanda Pressinott