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Taxas do cheque especial e dos empréstimos vão às alturas

Guarulhos, 14 de junho de 2005

Desde novembro de 2003 que os consumidores não pagavam taxas de juros tão altas na utilização do cheque especial e nas operações de empréstimo pessoal quanto as cobradas neste mês de junho. A constatação veio da pesquisa elaborada pelo Procon de São Paulo com dez bancos e divulgada em 13/06.

Apesar de a taxa básica de juros da economia – usada como referência para o cálculo de todas as demais taxas de juros do mercado – estar, hoje, em 19,75% ao ano, o juro cobrado por bancos no uso do cheque especial chegou nos primeiros dias de junho a 159,56% ao ano em média, aponta a pesquisa do Procon. A taxa média mensal ficou em 8,27%. Alta de 0,02 ponto porcentual sobre o mês anterior. Em novembro de 2003 ela foi de 8,29% ao mês.

Quem precisou de empréstimo pessoal também arcou com taxas maiores do que as cobradas em maio pelas instituições financeiras. O juro nessa modalidade de crédito ficou, em média, em 88,31% ao ano, de acordo com a mesma pesquisa. O juro médio mensal estava em 5,42%. Uma elevação de 0,03 ponto porcentual sobre o mês passado. Também em novembro de 2003 o juro cobrado no empréstimo pessoal estava nas alturas, em 5,49%.

Na esteira – A pesquisa foi feita entre bancos privados e públicos, entre os dias 2 e 3 de junho. Em seu levantamento, o Procon também verificou que, desde que o Comitê de Política Monetária (Copom), do Banco Central, deu início aos reajustes, para cima, dos juros, que já estão na nona alta seguida, as taxas médias cobradas em todas as modalidades de empréstimo apresentaram uma variação, para cima, de 0,28 ponto porcentual. Apesar de pequeno, esse reajuste tem sido contínuo, avalia o Procon.

No cheque especial, a maior taxa foi cobrada pelo Itaú, de 8,50% ao mês. Já a menor foi verificada na Caixa Econômica Federal (CEF), de 7,95% ao mês. Em nenhum dos bancos pesquisados pelo Procon foi verificada redução da taxa em junho, quando comparada a maio. Ao contrário, dois bancos aumentaram os juros neste mês: a Nossa Caixa, que alterou sua taxa de 7,90% para 8,10% ao mês, e o Unibanco, que subiu dos 8,36% para 8,39% ao mês.

No empréstimo pessoal, o Unibanco cobrou a maior taxa de juro, de 5,87% ao mês. A menor ficou com a Nossa Caixa, de 4,25% ao mês. Pelo menos cinco bancos elevaram os juros.

O Banespa e o Santander subiram de 5,70% para 5,75%, a Caixa Econômica Federal aumentou de 5,11% para 5,15%, o Unibanco elevou de 5,85% para 5,87%, a Nossa Caixa alterou de 4,10% para 4,25% ao mês. Já o HSBC baixou de 5,19% em maio para 5,16%, em junho.

Copom – Hoje, o Copom dá início à sexta reunião do ano. A expectativa mais forte no mercado financeiro, no varejo e na indústria, mais uma vez, é de que o Banco Central ao menos mantenha os juros nos atuais 19,75% considerando-se a queda do Índice de Preços ao Consumidor Amplo (IPCA) anunciada na última sexta-feira. O indice, usado pelo governo, junto com outros números, para definir os juros da economia, reflete a variação da inflação observada nas famílias com renda mensal de até 40 salário mínimos (até R$ 12.000,00).

Na opinião da GRC Visão, consultoria econômica de Curitiba (PR), as chances de o Banco Central manter inalterada a Selic nesta quarta-feira são grandes. Segundo a consultoria, a crise que se instaurou no governo Lula nas últimas semanas poderia levar o Banco Central a desviar o foco da crise política para o campo econômico. O que remeteria à manutenção

Roseli Lopes