Os empréstimos em que a taxa cobrada é definida ao final da operação (pós-fixados) estão em queda livre. Na outra ponta, embora em proporção mais modesta, cresce o volume de financiamentos pré-fixados (em que se define o custo no ato da contratação), os preferidos pelas pequenas empresas.
De acordo com dados do Banco Central, nos últimos doze meses as operações das empresas atreladas a indicadores pós-fixados recuaram de R$ 70,5 bilhões em julho de 2002 para R$ 53,3 bilhões em junho deste ano, ou 24,4%. Só este ano, as operações de financiamento a taxas pós-fixadas caíram 12,7%.
Já o crédito com taxas pré-fixadas cresceram de R$ 43,8 bilhões para R$ 48,3 bilhões no mesmo período, ou 10,3%. Só este ano, as operações de financiamento a taxas pós-fixadas caíram 12,7%.
Com a queda da inflação, as operações pós-fixadas podem se tornar mais atraentes: mantida a queda dos índices, a taxa a ser paga no vencimento do crédito estaria mais baixa que a atual.
No entanto, especialistas recomendam cautela às pequenas antes de se definir por uma “pós”, já que não há certeza quanto à manutenção da queda acentuada da inflação nos próximos meses. A tendência é de recuo, mas o nível ainda não pode ser definido.
O peso de cada um
O gerente-executivo da área comercial do Banco do Brasil, Luis Carlos Silva de Azevedo, afirma que hoje a proporção de operações pré-fixadas está próxima (45,9%) às pós-fixadas, com 54,1% das transações totais (cujos valores não são divulgados pelo banco) entre pequenas, médias e grandes empresas.
De acordo com o diretor do BB, as pequenas concentram seus negócios em taxas pré, com prazo médio de 60 dias, enquanto as grandes estão em sua maioria nas operações pós-fixadas.
O diretor de crédito a pequenas empresas do HSBC, Odair Dutra, afirma que 95% das operações de crédito a pequenas no banco são pré-fixados, enquanto que o contrário acontece com as grandes empresas, ou seja, 95% estão atrelando sua dívida a operações pós-fixadas.
Das 250 mil empresas com contas no HSBC, cerca da metade tem recebíveis no banco, das quais 25 mil empresas, fazem antecipação de recursos via duplicatas, cheques ou cartões a taxas pré-fixadas, com prazo médio de 40 a 55 dias.
Gestão mais simples
Para o professor de Finanças da Fundação Getúlio Vargas, José Cezar Castanhar, a preferência das pequenas por operações pré-fixadas está associada ao seu fluxo de caixa e à “simplicidade” na gestão do seu dinheiro.
“As pequenas empresas pensam como o consumidor pessoa física e querem programar o pagamento com uma prestação fixa”, disse. Já as grandes empresas, acrescenta, fazem um casamento de ativos e passivos.
As grandes teriam aderido às operações pré-fixadas, no ano passado, porque a inflação subiu acima das previsões. Esse quadro fez com que elas ficassem mais cautelosas agora, na opinião de Castanhar.
Valdete de Oliveira