Os sinais contraditórios emitidos pelo Banco Central na semana passada – ora no sentido de cortar os juros, ora na direção de manter a taxa báscia de juros Selic em 18,5% ao ano – não mudaram as previsões dos economistas. A maioria deles aposta que o Comitê de Política Monetária (Copom) do BC vai mesmo manter os juros, na próxima quarta feira, quando termina sua reunião mensal.
Eles alegam que boa parte dos indicadores da economia ainda não apresentaram melhora: as projeções para a inflação este ano continuam econstadas no teto da meta, de 5,5%, o preço do barril do petróleo permanece mais alto (US$ 28) do que a média projetada pelo BC (US$ 23,30) e o câmbio mais depreciado do que na última reunião do Copom. Ou seja, não há motivos para baixar a taxa, já que com os juros reduzidos, o poder de compra das pessoas aumentaria, gerando pressão inflacionária (o IPCA já acumula alta de 2,3% até abril, acima do 2% referente ao mesmo período do ano passado).
– Se o Banco Central não cortou os juros no mês passado quando as condições eram mais favoráveis, por que cortaria agora? – questiona o economista-chefe da Sul América Investimentos, Luiz Carlos Costa Rego, lembrando que desde 21 de março os juros permanecem na mesma.
Caso a manutenção se confirme, o Brasil terá este ano uma taxa básica, na média, mais alta do que a registrada em 2001, quando a desvalorização do real, a crise argentina e os efeitos econômicos dos atentados terroristas aos EUA impediram um corte mais acentuado nos juros. Enquanto, no ano passado, os juros médios foram de 17,3%, este ano eles podem ficar em até 18,1%.
– No começo do ano passado, a taxa de juros era muito baixa, de 15,75%. Este ano começamos com juros a 19% e eles não devem voltar aos 15,75% – explica Roberto Padovani, da consultoria Tendências.
Para o economista sênior do ABN Amro Asset Management, Aquiles Mosca, o BC só deverá promover um corte nos juros a partir de julho, pois uma redução da taxa no segundo semeste só deverá gerar pressão inflacionária em 2003. Ele lembra que mesmo com o nível de atividade econômica arrefecido, a “cautelosa” equipe do BC deve esperar por mais uma safra de indicadores melhores.
Na sexta-feira, em um seminário no Rio, o presidente do BC, Armínio Fraga, esfriou um pouco do otimismo do mercado que começara a apostar numa redução da taxa. Armínio afirmou que o nível de atividade econômica será apenas um dos fatores a ser analisado pelo Copom. Na semana passada, em entrevistas à imprensa, o presidente do BC e o diretor de Política Econômica, Ilan Goldfajn, citaram a desaceleração da economia como fator preponderante, indicando assim um possível corte da taxa.
A decisão do Copom sobre a taxa básica de juros deverá sera anunciado no intervalo de almoço do mercado, entre 13h e 14h. Devido à uma viagem do presidnete do e do diretor de Política Econômica do BC, a segunda etapa da reunião do Copom, macada para quarta-feira, será realizada pela manhã e não a partir das 16h30, como de costume.
Ana Cristina Duarte e Luciana Rodrigues