O novo Sistema de Pagamentos Brasileiro (SPB) provocará um impacto significativo no setor supermercadista, segundo o presidente da Associação Paulista de Supermercados (APAS), Omar Assaf. Sua opinião baseia-se no fato de que metade dos pagamentos feitos pelos clientes nessas lojas é feita em dinheiro que, para estar disponível na conta-corrente do varejista no mesmo dia, deve ser entregue aos bancos até às 16 horas.
Segundo Assaf, como as vendas ocorrem da manhã até a noite, boa parte dos recursos disponíveis não segue no mesmo dia para as instituições financeiras. “No atual sistema eu sei quanto tenho em cheque e dinheiro para o dia seguinte, o que me permite casar esses volumes com os pagamentos posteriores. Como no SPB as liquidações serão feitas em tempo real, não tenho como saber o quanto mandarei para o banco em um mesmo dia”, explicou ele durante um seminário sobre o novo SPB realizado na sede da Apas.
O chefe do Departamento de Operações Bancárias e de Sistema de Pagamentos do Banco Central (BC), Luís Gustavo da Matta Machado, fez questão de responder ao presidente da associação dizendo que somente 1,2% dos cheques no Brasil envolvem valores acima de R$ 5 mil. Por isso, afirmou, é possível assegurar que poucos comerciantes, especialmente os pequenos, emitirão cheques acima desse valor a seus fornecedores. Dessa forma, poucos no comércio teriam grande descasamento no fluxo de caixa.
Embora o setor supermercadista reclame do possível desajuste entre o recebimento de recursos e o pagamento de fornecedores, o diretor financeiro do Pão de Açúcar, Aymar Giglio Júnior, minimizou o possível prejuízo que o setor possa ter com a entrada em vigor do novo sistema, no próximo dia 22. “O máximo que pode acontecer é nós termos que usar os recursos provenientes de cheques por um dia a menos”, disse ele, acrescentando que esse problema terá de ser negociado com fornecedores e especialmente com bancos “para que os ganhos sejam divididos igualmente entre todos.”