O ano passado não foi positivo para o setor têxtil e 2007, igualmente, não começou bem. Mas a Feira Internacional de Tecelagem (Fenatec), evento inaugurado ontem em São Paulo, arca com a responsabilidade de elevar os ânimos dos empresários nos seus quatro dias de duração.
De acordo com o diretor da Associação Brasileira da Indústria Têxtil e de Confecção (Abit), Fernando Pimentel, a produção de vestuário, em 2006, teve queda de 5%. Mas a produção da indústria têxtil aumentou 1,5%. “Em relação a 2005, os resultados gerais do ano passado ficaram estáveis, já que a queda na produção foi compensada pela valorização do real frente ao dólar”, disse. Segundo ele, o ano começou com importação desleal, juros altos e falta de acordos internacionais. “A Fenatec é um marco para o setor”, contrapõe.
E deve ser mesmo. Alguns estandes ficaram lotados no primeiro dia do evento, como o da Salotex, que produz tecidos para moda praia, feminina, lingerie e ginástica. A novidade, segundo o gerente de vendas Beni Waiswol, é o Sophies, um tecido de jersey que tem caimento especial em razão da leveza. “O primeiro dia de Fenatec registrou um aumento de 30% no movimento em relação à edição de 2006. O faturamento da empresa, no ano passado, foi 20% maior em comparação a 2005 e, em 2007, deverá ter alta de mais 20%.” Para Waiswol, os principais problemas do setor são a alta carga tributária, a concorrência dos produtos chineses e o câmbio do dólar, “nessa ordem”.
A empresa mineira Horizonte participa da Fenatec há cinco anos. Para o diretor comercial Sérgio Cricca, os negócios feitos na feira aumentam o faturamento mensal em 30%.
O maior investimento da Horizonte, de 300 mil euros, foi a compra de um equipamento que trata o tecido com escova de cerâmica. “É a nossa aposta para combater a concorrência dos produtos chineses, que não apresentam essa qualidade. A peça fica leve e macia”, disse Cricca.
Moda – O estilista e proprietário da Saint-Tropez Biquínis, Antonio Amaral, conhecido como Binha, veio do Rio de Janeiro atrás de tecidos para montar as peças que farão sucesso em praias cariocas. Ele escolheu os padrões de oncinha, de tigre e os brilhantes, além dos florais. “Espero crescer 50% neste ano. Mas a concorrência das empresas que não dão nota fiscal é acirrada. Enquanto elas vendem por R$ 15, sou obrigado a cobrar R$ 30.”
A empresária Patrícia Israel, proprietária da grife Toque do Sol, visita a Fenatec há 12 anos, vinda do Peru. “Procuro preço e qualidade. Encontro ambos no Brasil. Vendo no meu país e também exporto para o Havaí”, afirmou.