A transferência para 2004 do início do processo de reformas no setor elétrico deverá fazer com que 2003 seja um período de minguados investimentos no setor, sobretudo na ampliação da capacidade de geração. As dificuldades para que os grupos privados estrangeiros com posições no País continuem a investir aqui, em um cenário marcado por consumo retraído, crise cambial e falta de regras confiáveis, poderá proporcionar uma troca de guardas entre os empreendedores do setor, com nacionalização dos investimentos.
O “gap” de mais um ano sem definições nas regras do setor elétrico, situação que mantém retraídos os investidores privados, deverá contribuir para que os investimentos no setor elétrico totalizem, em 2003, pouco mais de US$ 2 bilhões, para necessidades estimadas em uma faixa de US$ 4 bilhões a US$ 5 bilhões. Os cálculos são de José Luiz Alquéres, presidente da Alstom do Brasil e vice-presidente da Associação Brasileira de Infra-Estrutura e Indústria de Base (Abdib).
Alquéres, que já presidiu a Eletrobrás, prevê que, com o anúncio da suspensão de novos aportes por grupos importantes, como a Duke Energy e a Electricidade de Portugal (EDP), os investimentos previstos para a ampliação da capacidade de geração deverão ser bancados, neste ano, quase exclusivamente com recursos públicos.
Ele cita como exemplos obras como a ampliação da capacidade de geração de Itaipu em 1,4 mil megawatts (MW) e projetos de usinas financiados pelo Banco Nacional de Desenvolvimento Econômico e Nacional (BNDES).