O mesmo Congresso que resolveu dar um aumento de apenas R$ 20 para o salário mínimo (que passou para R$ 260), rejeitando o valor de R$ 275, se prepara agora para elevar os vencimentos de todos os funcionários públicos do Legislativo federal. As cúpulas da Câmara e do Senado discutem um reajuste linear de 15% para os funcionários públicos do Legislativo, que deverá ser estendido aos deputados e senadores. Se aprovado, o aumento renderá mais R$ 1.908 para os parlamentares, cujos salários passariam dos atuais R$ 12.720 para R$ 14.628.
O deputado federal Walter Pinheiro (PT-BA) não poupou críticas à proposta de aumento salarial para servidores ativos e inativos do Congresso Nacional. “Isso não é teto, estão inventando é um guincho. Acho um negócio impensável, uma maluquice, um absurdo, é inadmissível isso”, declarou Pinheiro.
Desgaste eleitoral – Além da verba de R$ 12 mil destinada aos gastos com aluguel de imóveis, locomoção e alimentação, os congressistas recebem ajuda de custo para gastos com passagens, telefone e correios. Os congressistas não querem tratar de elevação salarial antes das eleições municipais para evitar desgastes com o eleitorado, deixando para aprovar o reajuste em novembro.
Reeleição – “O que me preocupa é que estão querendo vincular esse assunto (o aumento dos servidores) à reeleição para as presidências da Câmara e do Senado, o que é um absurdo”, disse o segundo vice-presidente do Senado, Eduardo Siqueira Campos (PSDB-TO).
“A assessoria jurídica do Senado está estudando para ver se há fundamento no pleito”, disse o diretor-geral do Senado, Agaciel Maia.
O segundo-secretário da Mesa Diretora, deputado Severino Cavalcanti (PP-PE), defende que o reajuste dos servidores beneficie também os parlamentares. “Eu defendo o reajuste porque [o salário] é muito pouco e os compromissos são muitos altos”, afirma o deputado.