Riscos com o aumento de crédito
Os riscos de desaceleração da economia norte-americana diante das preocupações com uma maior deterioração do mercado de crédito imobiliário e seus impactos no sistema financeiro local ainda não estão de todo descartados, disse em São Paulo o ex-presidente da regional de Richmond do Federal Reserve (Fed), o banco central dos Estados Unidos, Willian Charles Handorf
Para Handorf, que atualmente é diretor da Home Loan Bank of Atlanta, a tendência de crescimento deve se manter abaixo do esperado, com risco de uma imobilidade cíclica em um prazo mais longo.
Handorf lembrou ainda que há anos os empréstimos imobiliários de imóveis residenciais não estavam dando certo e que apesar de o risco ainda estar concentrado nesse segmento, o mercado de imóveis comerciais não está livre de uma possível contaminação. O refinanciamento das hipotecas foi apontado por Handorf como um dos grandes motivos causadores da crise.
Brasil – A Bovespa voltou a sentir os efeitos das turbulências do mercado de imóveis norte-americano depois que o governo negou o pedido de duas empresas de crédito habitacional para que ampliassem o teto de suas operações. Internamente, o economista da Associação Comercial de São Paulo (ACSP), Marcel Solimeo, chama a atenção para o crescimento acelerado da oferta de recursos, puxado pelos financiamentos de veículos e pelo crédito com desconto em folha (consignado).
Embora a massa salarial tenha aumentado, com impacto na expansão do volume de vendas do varejo, que deve fechar o ano com uma expansão de 6% até 7% em 2007, o aumento da renda vem se dando entre os brasileiros com menor poder aquisitivo.
Esse público, diz Solimeo, não estava acostumado a comprar e, portanto, é onde o mercado de crédito tem menor volume de informações. O economista lembra, ainda, que o maior risco é o da inadimplência. Dados do Serviço Central de Proteção ao Crédito (SCPC) da Associação Comercial já apontam uma leve subida no número de atrasos nos pagamentos dos empréstimos.
Além disso, Solimeo lembra que a expansão do crédito está vindo do aumento do número de financiamentos para poucas pessoas: “O brasileiro tem-se endividado em várias modalidades de empréstimo ao mesmo tempo, com uma única renda”, diz. Fator que deve ser olhado com muita cautela pelos credores, alerta.