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Retorno clandestino provoca primeiro acidente com morte no Rodoanel

Guarulhos, 26 de dezembro de 2001

O Rodoanel registrou sua primeira morte no ponto onde a pista recém-inaugurada liga-se com a Avenida Raimundo Pereira de Magalhães. Um motoqueiro chocou-se nesta terça-feira com um Gol em um acidente provocado pela utilização de um desvio clandestino que está sendo usado pelos motoristas que querem acessar a pista sentido Caieiras.

O Rodoanel não dispõe de nenhuma alça de acesso direto a essa pista, e liga-se apenas com a faixa sentido capital. Para os motoristas que seguem pelo Rodoanel com destino a Caieiras a opção adotada, para evitar ter que seguir mais cerca de 1 km até o retorno, tem sido usar a estrada de uma pedreira como uma espécie de balão para acessar a faixa desejada.

O Desenvolvimento Rodoviário S.A. (Dersa), responsável pela obra, se isenta de responsabilidade sobre o acidente. “O que houve foi uma infração ao Código de Trânsito Brasileiro, já que esse retorno é clandestino. O retorno correto, como em qualquer via, deve ser feito mais adiante, com segurança”, diz nota divulgada nesta quarta pelo Dersa.

A nota também afirma que já existe uma alça de acesso para a pista pronta, no sentido Caieiras, mas não pôde colocar em funcionamento porque a Prefeitura não autorizou o funcionamento.

“Existe concordância por parte dos técnicos do CET,d a Regional de Perus e da Dersa, porém aguarda-se autorização da Prefeitura para a implantação de obras como: correção da curva já existente na Raimundo Pereira de Magalhães e construção de galeria pluvial. Após a conclusão dessas obras deverá ser realizada a implantação de sinalização vertical de regulamentação e advertência”.

A Prefeitura de São Paulo considera a entrega do trecho de 7 km precipitada e eleitoreira e condicionava a autorização à realização de obras complementares previstas no acordo com o Governo do Estado, como o desassoriamento dos córregos Areião e Perus e a duplicação de trecho da Avenida Raimundo Pereira Magalhães. Em ofício encaminhado no dia 8 de novembro à Dersa pela Secretaria de Governo, os técnicos estimavam que o prazo necessário para a conclusão desses trabalhos é julho de 2002.

“Estamos alertando a Dersa sobre as conseqüências da inauguração preciptada de uma obra do porte do Rodoanel, já que não foram feitas as intervenções acordadas para a região. Em especial, há risco para motoristas e pedestres na Avenida Raimundo Pereira Magalhães, risco esse causado pela falta de duplicação e sinalização”, diz o ofício.

A administração Marta Suplicy (PT) considera que a entrega do primeiro trecho do Rodoanel não seguiu critérios técnicos, mas um calendário político. De qualquer forma, a Prefeitura deve autorizar a realização das obras de liberação da alça de acesso em sentido Caieiras, informa a assessoria da Secretaria de Governo. Segundo a Dersa, as obras para liberação da alça podem ser realizadas em um dia.

briga velha

Essa é só mais uma batalha da guerra a prefeitura e o governo do Estado travam por causa do Rodoanel. Primeiro a prefeita responsabilizou o Estado pelas enchentes, já que o governo teria priorizado as obras do anel viário em detrimento das dos piscinões. Outra queixa é que o entulho resultante das construções da via teria assoreado os córregos Perus e Areião, contribuindo para as enchentes na região.

Na inauguração dos 7 km abertos para o tráfego foi a vez do governador Geraldo Alckmin atacar a Prefeitura. “Nunca houve nenhum interesse por parte do PT de ajudar na obra, de dar qualquer tipo de colaboração a não ser a crítica”