Remar ajuda dependentes químicos há 35 anos; 20 só em Guarulhos
Os malefícios que a dependência química causa nas pessoas são conhecidos. O uso de drogas e álcool deprecia a saúde física e psíquica, além de separar famílias e amigos, gerando violência e falência da sociedade. O que merece publicidade é o trabalho de entidades que buscam combater esses malefícios. A Associação Comercial e Empresarial de Guarulhos apoia, por exemplo, o trabalho desenvolvido há 35 anos pela Remar. “Conheço os responsáveis e sei o quanto são sérios. Um trabalho digno e merecedor de reverências”, apontou o presidente da ACE, Jorge Taiar.
Com nome que remete à sigla “Recuperando Marginalizados”, a Remar nasceu em Madrid, na Espanha, com o objetivo de resgatar pessoas que a sociedade costuma deixar de lado, como os usuários de drogas. “Nossa missão é a de alcançar todas aquelas pessoas que estão perdidas, com base no Evangelho, e dar acolhimento a toda essa classe marginalizada. Jesus não fez exceção de pessoas”, explicou o pastor Paulo Fernando Pinho Andrade, da Igreja Evangélica Corpo de Cristo.
Português de nascimento, Andrade preside o Instituto Remar Brasil. Ele explicou que a entidade é uma instituição cristã sem fins lucrativos e que hoje trabalha em 75 países. No Brasil, a Remar chegou há 22 anos (a unidade da Vila Galvão, em Guarulhos, tem 20). “A primeira unidade foi no Rio de Janeiro. Um grupo de missionários portugueses percebeu o tamanho da missão e conseguiu uma propriedade em Itaboraí. De lá, vieram para São Paulo, depois Londrina, Espírito Santo, Minas Gerais etc. Hoje estamos em seis estados, com aproximadamente 35 projetos”, disse.
Perguntado sobre qual seria o principal inimigo do dependente, Andrade é direto: “Hoje é o crack, essa droga tão destrutiva. A Remar viu no trabalho de recuperação de dependentes uma oportunidade de colocar em prática aquilo em que acreditamos e que está na Bíblia: ajudar quem precisa.”
Para isso, a Remar conta com lugares preparados para o tratamento, como as chácaras, que dão início ao processo de desintoxicação, e os centros de formação cristã. “Fé e trabalho são os dois pilares para a recuperação”, garante, antes de explicar que a sequência do tratamento consiste em vários cursos de formação e aprimoramento profissional. “As pessoas aprendem ou aprimoram conhecimentos em serralheria, carpintaria, nos bazares beneficentes, nos caminhões que vão buscar as doações. Ou seja, eles ficam permanentemente ocupados, como uma forma de não dar ‘brecha’ para a recaída”, afirma.
Na Remar, há atendimento psicológico permanente. Segundo o presidente, lá o dependente se livra do tóxico, aprende ou aprimora uma profissão e se aproxima de Deus. O tratamento é gratuito e a pessoa fica dentro da Remar o tempo que quiser.
Por não ter fins lucrativos, a Remar se mantém apenas com doações. “Temos um modelo autossuficiente. Prestamos serviços dos ofícios que ensinamos aos recuperandos. São unidades produtivas, microempresas que sustentam todo o projeto social. Os jovens aprendem um ofício, fabricam materiais que, vendidos, bancam todo nosso trabalho de desintoxicação e reinserção.”
Andrade diz que não há como calcular quantas pessoas foram salvas do vício. “Atualmente 80 mil pessoas vivem conosco. Nosso trabalho utiliza a laborterapia, o atendimento com psicólogos e assistentes sociais e a fé. Não usamos remédios. Acreditamos que a química não recupera a química”, completou.