Os preços dos remédios mais usados pelos brasileiros aumentaram mais de 300% desde o início do Plano Real, em 1994, segundo pesquisa do Instituto Brasileiro de Defesa do Usuário de Medicamentos (Idum). Esse índice é superior à inflação calculada pelo Índice Nacional de Preços ao Consumidor (INPC), do IBGE, que teve alta de 117% entre julho de 1994 e abril de 2002.
“Os produtos que mais tiveram alta estão entre os 300 mais vendidos nas farmácias do País”, afirma Antônio Barbosa, coordenador do Idum. Ele destaca que esses remédios representam 85% do total de vendas nesse mercado.
O estudo mostra que a elevação média dos preços foi de 132,83%. Mas houve casos em que o aumento ultrapassou os 300%. O Melhoral Infantil, por exemplo, custava R$ 4,49 em julho de 1994; hoje, é encontrado a R$ 20,94 – alta de 366%.
No mesmo período, o Rivotril, um anticonvulsivo do laboratório Roche, subiu 363,47% – de R$ 1,67 para R$ 7,74. E o Gardenal, que tem a mesma função, foi reajustado em 282,95%.
Pesquisa causa polêmica
A divulgação da pesquisa causou polêmica no setor. A Associação Brasileira da Indústria Farmacêutica (Abifarma) reagiu ao estudo. O presidente da entidade, Ciro Mortella, questionou, por meio de uma nota, os índices de aumento. “Os vários índices construídos no País medem variações de preços diferentes e, muitas vezes, comparam elementos que não são naturalmente comparáveis”.
Mortella alega ainda que os preços dos medicamentos estão sob controle da Câmara de Medicamentos há mais de um ano, e são “os únicos produtos congelados por força da lei no País”.
Barbosa, do Idum, responde que os dados do estudo “estão documentados e mostram que realmente houve aumento”. Ele reconhece, no entanto, que no último ano as altas foram reduzidas por causa do tabelamento de preços e também pela entrada dos genéricos no mercado. Dados do instituto mostram que, até 2001, os preços aumentaram, em média, 150,08% por ano.
A pesquisa do Idum foi baseada em relatórios das indústrias farmacêuticas.
Foram catalogados seis mil remédios.
Outros órgãos de defesa do consumidor não entraram nessa briga porque, oficialmente, existe uma tabela de preços de medicamentos que deve ser seguida pelas farmácias e laboratórios. A recomendação do Procon-SP é que o consumidor faça pesquisa de preço, a fim de encontrar promoções.
Barbosa aconselha os brasileiros a se informarem sobre o medicamento e procurar mais de um produto com o mesmo princípio ativo. “A mesma fórmula pode ser encontrada com até seis nomes diferentes nas farmácias. E o preço de cada um varia bastante”.
LUCIANE SCARAZZATI