O ministro da Coordenação Política, Aldo Rebelo, confirmou ontem que o presidente Luiz Inácio Lula da Silva foi alertado, mas de maneira genérica, pelo presidente do PTB, Roberto Jefferson (RJ) sobre um suposto esquema de pagamento, pelo PT, de R$ 30 mil mensais – a cargo do tesoureiro da entidade, Delúbio Soares -, até janeiro de 2005, a deputados do PP e do PL na Câmara, conforme denúncia publicada pelo jornal “Folha de S. Paulo”. Designado por Lula para explicar as denúncias, Rebelo tentou eximir o governo de responsabilidade no caso, transferindo-a unicamente ao PT. Visivelmente nervoso, o ministro não conseguiu, porém, esconder a preocupação do governo com a bomba detonada pelo presidente do PTB.
“Não há uma acusação que relacione o pagamento a parlamentares por parte do governo”, disse Aldo, seguindo estratégia traçada momentos antes, em reunião do núcleo político do governo, no Palácio do Planalto. “A denúncia do deputado (Jefferson) refere-se a hipotético pagamento de um partido (o PT) a parlamentares de outros partidos. É bom que isso fique claro.”
Aviso – O aviso do “mensalão” foi dado por Jefferson durante uma reunião com Lula, Rebelo, o ministro petebista Walfrido dos Mares Guia (Turismo) e os líderes do PTB na Câmara, José Múcio (PE), e do governo, Arlindo Chinaglia (PT-SP). “O deputado Roberto Jefferson não se referiu nem a fatos, nem a pessoas. Foram informações genéricas”, disse Rebelo em entrevista coletiva no Palácio do Planalto. Questionado se o governo não tomou nenhuma providência para investigar a denúncia, Rebelo desconversou. “Como o deputado não apresentou nenhum dado para que a corregedoria adotasse qualquer procedimento para prosseguir com a investigação (…), e tudo foi encerrado. O presidente Lula solicitou a mim e ao Chinaglia que o mantivesse informado.”
A estratégia do governo é desqualificar as denúncias de Jefferson o acusando de ter usado um “boato antigo”. O ministro também procurou desvincular o impacto das denúncias sobre o governo, dizendo que a acusação envolve partidos políticos. Disse apenas que a Câmara tem meios para investigar. “A Câmara tem todos os instrumentos, da corregedoria até a própria CPI, para esclarecer as denúncias do deputado Roberto Jefferson”.
Renan: pressa – O presidente do Senado, Renan Calheiros (PMDB-AL), quer encerrar a polêmica em torno da indicação dos membros da CPI dos Correios nas próximas 48 horas. Ele reunirá os líderes partidários amanhã e, com ou sem acordo entre governo e oposição, todos terão de indicar seus representantes na comissão. “Espero que haja um entendimento, mas, se não houver, então eu direi: se vocês não se entendem, eu vou indicar”, afirmou Renan. Correligionários do presidente do Senado avaliam que as novas denúncias do presidente nacional do PTB produziram o efeito de um xeque-mate sobre a CPI Mista dos Correios. “A denúncia é muito grave, grotesca, absurda”, definiu Renan, ao destacar que a providência que lhe cabe, como presidente do Congresso, é por em prática o regimento. (Agências)
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