Reajuste dos combustíveis será diferente
A futura ministra das Minas e Energia, Dilma Rousseff, disse ontem que o futuro governo deverá alterar a fórmula para o reajuste dos combustíveis.
” Hoje o preço do mercado interno sofre os impactos da cotação internacional. Estamos avaliando isso. Existem estudos em andamento ” disse.
Dilma criticou o atual modelo do Mercado Atacadista de Energia Elétrica (MAE) e informou que o papel da Agência Nacional de Energia Elétrica (Aneel) será restrito.
” A volatilidade do MAE não representa ou garante a competitividade do setor e o atual modelo não sinaliza os preços para investimentos a longo prazo. A Aneel é um órgão regulador e fiscalizador. Ela não decide políticas de governo ” afirmou.
A futura ministra disse ainda que, mantidas as condições climáticas, não existe risco de desabastecimento de energia até 2004:
” Caso a situação piore muito, poderemos ter um problema pontual no Nordeste durante cerca de um mês. Mas tudo indica que não existe essa possibilidade e, caso exista, podemos resolver na distribuição.
A futura ministra descartou a possibilidade de privatização da Petrobras e de Furnas. Segundo ela, isso contraria a política de governo do presidente eleito Luiz Inácio Lula da Silva.
Escolhida na última hora, após a decisão de Lula de excluir o PMDB do Ministério, Dilma, que foi secretária no governo petista do Rio Grande do Sul e integrou a equipe de transição coordenada pelo futuro ministro da Fazenda, Antônio Palocci, afirmou que pretende agir em parceria com outros ministros, já que, a seu ver, a pasta das Minas e Energia serve como base para outras ações de governo.
” Sem energia para iluminação pública, por exemplo, fica mais difícil combater a violência ” exemplificou.
Tanto Dilma como outros especialistas ligados ao PT consideram que as medidas tomadas pelo atual governo não eliminam as possibilidades de uma nova crise de energia num futuro próximo, devido a fatores como a insuficiente expansão da oferta, o uso inadequado dos recursos naturais e as perspectivas de elevação das tarifas.
Outro desafio consiste em conduzir um processo de negociação com as distribuidoras capaz de equacionar os problemas financeiros enfrentados pelas empresas e, com isso, estimular investimentos, sem prejudicar os consumidores com reajustes elevados. A partir de abril de 2003, começam as revisões das tarifas do setor.