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Racionamento: novas usinas não evitam risco

Guarulhos, 23 de dezembro de 2002

O sistema elétrico brasileiro deverá ganhar nos próximos anos 113 novas usinas hidrelétricas. Mas quase 90% dessas unidades não terão reservatório para armazenar água. Ou seja, a potência instalada no País aumentará, mas não vai alterar muito a capacidade de estoque de água no sistema. Segundo dados da Agência Nacional de Energia Elétrica (Aneel), apenas 13 usinas licitadas entre 2001 e 2002 terão reservatório.

Foi a baixa capacidade de armazenamento (e não a falta de potência) que provocou o racionamento. Com o aumento da demanda de energia, o sistema passou a operar com capacidade máxima de geração. E as hidrelétricas foram perdendo poder de reposição nos reservatórios.

Até hoje, o nível das represas nas regiões Sudeste, Centro-Oeste e Nordeste continua baixo. Em 1997, por exemplo, os reservatórios do Sudeste terminaram o ano com 66,3% da capacidade total de armazenamento, e o Nordeste com 73,8%. Este ano, até o dia 18, as represas estavam com 40% do total no Sudeste e 16,75% no Nordeste.

As usinas sem reservatório, chamadas de fio d'água, ajudam a poupar a água consumida em algumas represas, mas em períodos de seca pouco podem fazer.

Isso porque essas unidades geram energia apenas com o fluxo de água do rio, o que pode ser perigoso, principalmente com a retomada de crescimento e o conseqüente aumento do consumo de energia.

O ideal, avaliam especialistas, seria ter uma matriz energética com outras fontes de energia. Segundo o presidente da Associação Brasileira das Geradoras Térmicas (Abraget), Xisto Vieira, é preciso avaliar os aspectos estrutural e conjuntural do sistema. Além do aumento da potência instalada, o regime de chuvas tem importância relevante no planejamento.