Racionamento acabou e luz sobe 2%
A partir de hoje, todos os consumidores de energia elétrica do país estão livres do racionamento. Mas, em compensação, as contas de luz estão ficando 2% mais caras, em média. Esse é o preço de contratação das usinas emergenciais de energia, que vão funcionar como um seguro contra um novo racionamento.
A nova tarifa já está valendo a partir de hoje e será cobrada até junho de 2006. Ela será reajustada a cada três meses. A taxa virá discriminada na conta de luz separadamente e será chamada de “encargo de capacidade emergencial”.
Quem consome 200 kWh por mês, por exemplo, vai pagar R$ 0,98 pelo seguro. Para os consumidores da Eletropaulo (Grande São Paulo) isso significa um aumento de 2,26% na conta. Para os da Light (no Rio), de 1,89%.
Somente os consumidores considerados como “baixa renda” pelas distribuidoras não vão pagar a taxa. Ela atinge também as regiões que ficaram fora do racionamento (o racionamento atingiu o Sudeste, Centro-Oeste e Nordeste entre junho e fevereiro; a parte do Norte do país entrou no programa entre agosto e dezembro; o restante da região Norte e o Sul do país não sofreram racionamento).
Esse é o segundo aumento de energia este ano. Desde janeiro, todos os consumidores já estão pagando 2,9% a mais pela energia para compensar as perdas que as empresas energéticas tiveram com o racionamento.
Essas termelétricas emergenciais não devem entrar em operação. Elas vão ficar paradas, prontas para gerar energia, caso os reservatórios voltem a ficar abaixo do limite traçado pelo ONS (Operador Nacional do Sistema Elétrico).
O dinheiro arrecadado com o aumento médio de 2% será utilizado para o eventual pagamento de aluguel e manutenção desses plantas geradoras. Elas ficarão à disposição do sistema elétrico integrado nacional para gerar energia caso o nível dos reservatórios das hidrelétricas venha ficar abaixo dos limites mínimos estipulados pelo Operador Nacional do Sistema Elétrico para evitar riscos de “apagão”.
Se for necessário acionar estas usinas, a conta de luz pode ter um novo aumento, de até 7%, para o pagamento também da manutenção e do combustível utilizado para seu funcionamento. Só que, neste caso, além dos 13 milhões de consumidores de baixa renda do país, haverá isenção para todos que consomem até 350 kWh por mês.
Outros fatores que devem pesar antes da decisão do consumidor de voltar a gastar energia é que durante o racionamento o reajuste anual da eletricidade foi um dos mais altos dos últimos anos, ficando em aproximadamente 20%.
Pelos cálculos da Câmara de Gestão da Crise de Energia, as tarifas ainda vão subir aproximadamente 21% além da inflação até 2006.
A GCE (Câmara de Gestão da Crise de Energia) não será extinta com o fim do racionamento. Ela é formada por vários grupos, que cuidam não só da aplicação do programa, mas também da reestruturação do setor e do aumento da oferta de energia a longo prazo, dois problemas que ainda não estão resolvidos.
Os ministros José Jorge (Minas e Energia) e Pedro Parente (Casa Civil) já disseram que a crise de energia não acabou, apesar do fim do racionamento.
Informação: Folha Online