Presidente da Itaipu descarta sabotagem em blecaute
O presidente da Itaipu Binacional, Euclides Scalco, reconheceu ontem que não há condições de fiscalizar as torres de transmissão de energia do país, mesmo depois dos atentados de 1998.
“São 14 mil torres só entre Itaipu e São Paulo. Alguém tem como cuidar, como investigar?”, disse Scalco à Folha, por telefone, explicando que a segurança nas subestações foi reforçada, mas não há um esquema que cubra todo o sistema.
Até por isso, jamais foram identificados, processados e presos os responsáveis pelas bombas que atingiram quatro torres de transmissão em 1998, causando um blecaute de horas. Eles continuam soltos e, em tese, podem repetir os atentados a qualquer momento.
Scalco, porém, afastou ontem a possibilidade de o novo blecaute ter sido causado por sabotagem e bombas: “É pouco provável, além de muito cedo para esse tipo de conjectura”.
O diretor da Polícia Federal, Agílio Monteiro, disse que a hipótese de sabotagem ainda não era investigada.
Depois de telefonar para o diretor-geral da ONS (Operador Nacional do Sistema), Mário Santos, por volta das 15h, Scalco disse que não havia informações sobre as causas do blecaute e sobre a origem física do problema.
Conforme a Folha apurou, o diretor de Operações de Furnas, Celso Ferreira, comunicou por volta das 19h ao presidente da empresa, Luiz Carlos Santos, que o rastreamento das linhas e dos computadores fora concluído e nada de anormal fora encontrado no sistema. Isso remetia o problema para o sistema Cesp (Centrais Elétricas de São Paulo).
O sistema de Itaipu é responsável por 37% da energia do Sudeste. Scalco explicou que a usina gera energia para Furnas, que é a retransmissora. Quando há alteração brusca de tensão, as máquinas de Itaipu param automaticamente, por segurança.
“Só poderemos religar as máquinas por solicitação da ONS. Eles é que comandam o sistema”, disse ele, garantindo que o abastecimento para o Paraguai, que recebe energia de Itaipu, não chegou a ser interrompido.
Apagão
O “ministério do apagão” afirmou que o blecaute de ontem não tem relação com o racionamento de energia. Hoje o ministro Pedro Parente reúne-se com técnicos para discutir a flexibilização das metas do racionamento no Carnaval e o blecaute.
Parente informou o presidente Fernando Henrique Cardoso sobre a falta de energia e as ações para restabelecer a normalidade.
Minutos depois do blecaute, a assessoria de Parente afirmou que a prioridade do “ministério do apagão” era restabelecer a normalidade nas áreas atingidas e depois buscar informações sobre as causas do problema.