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Postos prevêem queda de 40% nas vendas

O reajuste de 10,08% no preço da gasolina, a partir de amanhã, irá representar, no primeiro momento, uma redução de até 40% no consumo nos postos. No acumulado do ano, o combustível teve o preço reajustado em 56,35% nas refinarias e em 21,73% para o consumidor. Apesar da justificativa da Petrobras de que o aumento foi motivado pelas altas cotações do petróleo no mercado internacional por conta da crise no Oriente Médio, analistas do setor afirmam que, por trás da medida, há uma redefinição da política de preços.

Os empresários alegam que não está descartada a possibilidade de falta do produto com a corrida dos consumidores para abastecerem seus veículos antes do aumento. ´Em Pernambuco, temos o agravante de receber o petróleo por cabotagem. Se os estoques em Suape estiverem baixos, os postos podem ficar sem produto para repor estoques´, afirma o presidente do Sindicato do Comércio Varejista de Derivados de Petróleo de Pernambuco, Joseval Alves.

Outra preocupação do setor é quanto a redução no consumo nos primeiros 15 dias após o aumento. ´Para a distribuidora, a movimentação cai em até 50% e nos postos cerca de 40%´, enfatiza o diretor da S Distribuidora, Cláudio Uchôa. O litro da gasolina no Recife deve passar a custar cerca de R$ 1,82, contra o preço atual médio de R$ 1,67.

ICMS

O setor também estima que o reajuste será ainda maior porque irá refletir no valor de referência adotado pela Secretaria da Fazenda para cobrança do Imposto sobre Circulação de Mercadorias e Serviços. Hoje o valor é de R$ 1,68. ´Toda vez que a Petrobras aumenta o preço do produto, o consumidor é penalizado duas vezes porque aumenta o valor do ICMS´, analisa o diretor da Federal Distribuidora de Petróleo, José Roberto Gomes.

Os economistas vêem com desconfiança os motivos alegados pela Petrobras para esse novo aumento. ´Esse reajuste é reflexo do comportamento do mercado nos últimos meses, não exatamente por conta do agravamento da crise no Oriente Médio. Existe um mecanismo de compensação entre o Tesouro Nacional e a Petrobras para que os aumentos sejam repassados em momentos políticos adequados. Não haverá nunca aumento de combustível perto das eleições, por exemplo´, explica o economista Olímpio Galvão.

Além disso, a abertura do mercado teria provocado um efeito contrário ao esperado. ´Como a Petrobras tinha monopólio do mercado, podia praticar o subsídio cruzado dos produtos. Com a importação direta, a empresa está sendo obrigada a fazer realinhamento dos preços. A defasagem no preço por conta da desvalorização do real também a obriga a antecipar aumentos´, explica o economista Alexandre Rands.

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