Em termos reais, houve uma queda de 9,3% no faturamento das micro e pequenas empresas, descontado o Índice Nacional de Preços ao Consumidor Amplo (IPCA). Se comparados os meses de março de 2002 e de 2003, a queda real foi ainda maior, chegando a 13,8%, segundo a pesquisa.
Conjuntura – A explicação para índices tão desfavoráveis, segundo o coordenador da área de pesquisas do Sebrae-SP, Marco Aurélio Bedê, foi a taxa de juros elevada e a redução do poder de compra do trabalhador. “O resultado dessa combinação, cujo efeito cumulativo vem desde o segundo semestre de 2001, é a retração do consumo doméstico, que tem impacto direto nas empresas de pequeno porte”, afirma.
Como consequência, o faturamento das 2,7 mil micro e pequenas empresas entrevistadas pela Pecompe chegou ao menor valor dos últimos seis anos: uma média de R$ 14 mil mensais. O coordenador da pesquisa ressalta ainda que, além da conjuntura macroeconômica, o primeiro semestre do ano concentrou a maior parte dos feriados, fator que atinge sobretudo o comércio e se estende por toda a cadeia de fornecedores e indústria.
Empregos – A conjuntura econômica apertou os empresários e os forçou a demitir. Só no mês de março, 140 mil trabalhadores perderam seus postos de trabalho em comparação ao mesmo mês de 2002.
A questão do desemprego é especialmente preocupante se considerarmos que as micro e pequenas empresas do estado empregam 67% dos trabalhadores de São Paulo.
O recuo no nível de emprego chegou a 5% em relação ao primeiro trimestre de 2002. O nível médio de pessoal empregado no primeiro trimestre desceu a seu patamar mais baixo desde o primeiro trimestre de 1998, quando a pesquisa começou a ser feita.
Perspectivas – Um fator positivo a ser considerado é que, mesmo com as demissões no primeiro trimestre, os empresários começaram a recontratar em março. Houve um pequeno aumento no nível de ocupação, em torno de 0,4%. “Isso mostra que as próprias empresas esperam dias melhores nos próximos meses”.
Otimismo – As perspectivas para o segundo semestre do ano são otimistas. Espera-se a queda do dólar, o recuo da taxa básica de juros e uma certa estabilidade internacional que deve se refletir na indústria, comércio e serviços.
Os dados da Pecompe servem como termômetro para o País, uma vez que o estado de São Paulo concentra um terço das micro e pequenas empresas do Brasil.