Pequena já pode expor na América
Pequenas empresas brasileiras que querem exportar para os varejistas dos Estados Unidos têm uma nova oportunidade: um projeto vai selecionar fornecedores para os norte-americanos, que apresentarão seus produtos em um “catálogo eletrônico” – um site em que o varejo dos EUA faz suas consultas antes de definir as compras.
A iniciativa é do Instituto Brasileiro para Simplificação de Procedimentos Mercantis (Simpro-Brasil), que em março fará três semínários para selecionar os fornecedores brasileiros com condições de entrar no site.
Para o Simpro, os produtos com maior chance de ter êxito no varejo norte-americano são bijuterias e jóias em geral, produtos manufaturados, toalhas, lingerie, camisolas (entre outros de confecção), móveis e sapatos.
Em outros segmentos, como vassouras e baldes, já existe exportação aos EUA de produtos baratos. Por isso, as empresas brasileiras devem procurar, na avaliação do instituto, segmentos em que tenham diferencial em relação à concorrência, na qual se destacam China e Índia.
Importações de US$ 300 bi
Atualmente, as grandes redes varejistas dos EUA importam US$ 300 bilhões por ano. Desse total, US$ 3 bilhões vêm dos exportadores brasileiros.
“A fatia de participação dos brasileiros nesse nicho é pequena e tem muito espaço para ser trabalhado”, disse José Tadeu Bijos, diretor do Simpro-Brasil. A entidade é privada e realiza estudos e projetos para a introdução de soluções técnicas avançadas para negócios, em particular no comércio eletrônico.
O Simpro conseguiu licenciamento junto à empresa americana ICC, que presta serviços ao varejo nos EUA. A ICC faz o trabalho de selecionar e reunir possíveis fornecedores para as empresas varejistas, disponibilizando a listagem em um catálogo eletrônico.
O projeto conta com parceria da Agência de Promoção de Exportações (Apex Brasil) e foi aprovado em dezembro.
Como participar
O contato dos interessados é com o Simpro. A entidade já está enviando a proposta para diversas empresas porque possui uma listagem.
“Em princípio, todas as interessadas no projeto poderão participar. Mas é importante frisar que só as preparadas para exportar poderão ser inclusas logo de início no catálogo”, complementou Bijos. É preciso ter uma certa escala de produção, o produto deve estar de acordo com as normas americanas de importação (certificações exigidas em alguns produtos, por exemplo), embalagem, estrutura de custo, entre outros. O ?caminho das pedras? deverá ser exposto durante esses eventos.
São Paulo, Santa Catarina e Ceará foram escolhidos como primeiros locais para divulgar o projeto. Em São Paulo (capital), o evento deve ocorrer nos dias 24 e 25 do mês que vem.
“Cada seminário terá 150 vagas. Esperamos que pelo menos 30 empresas já estejam prontas para ingressar imediatamente no catálogo”, informou o diretor do Simpro.
O ingresso no catálogo e a participação nos seminários são gratuitos. Haverá cobrança de taxa depois da venda, que ainda não foi definida.
Os cuidados necessários
As empresas que nunca exportaram – e é grande o volume de pequenas empresas incluídas nessa categoria – levarão um pouco mais de tempo para conseguir aproveitar a oportunidade. “A idéia é ótima, muito positiva para auxiliar os pequenos e médios empresários. No entanto, se o projeto não dá apoio na parte operacional da exportação, fica mais difícil para quem nunca exportou, por exemplo”, opina Joseph Tutundjian, diretor da Escola Superior de Comércio Exterior (Escex).
Bijos esclarece que a idéia é ?vender? o produto, ou seja, unir as duas pontas. Os procedimentos de embarque, logística (a exportação propriamente dita) fica por conta do empresário.
“Sabemos que quem nunca exportou terá dificuldades. Esse (empresário) terá que fazer o dever de casa”, acrescentou Bijos. De acordo com o diretor do Simpro, o objetivo dos seminários é fornecer as pistas. “Poderemos assessorar em alguma parte, fornecendo apoio à logística, por exemplo.
Mas hoje o processo de exportação não é mais tão difícil como há alguns poucos anos”, acrescentou.
Bijos relembrou as formas de operação facilitada.
“Hoje não é tão difícil embarcar pequenos volumes. Os Correios e outras empresas, por exemplo, têm o serviço de exportação facilitada até US$ 10 mil, com menos burocracia”, lembra.
Érica Polo