Mais empregos, aumento do uso da capacidade instalada e expectativa de melhora de vendas: os números divulgados pelo Serviço de Apoio às Micro e Pequenas Empresas de São Paulo (Sebrae-SP) e Sindicato da Micro e Pequena Indústria do Estado de São Paulo (Simpi) mostram sinais de uma retomada lenta, embora constante, do setor que responde por 20% do Produto Interno Bruto (PIB) nacional e emprega 67% dos trabalhadores no estado de São Paulo.
De acordo com o levantamento do Sebrae-SP junto a 2,7 mil micro e pequenas empresas de todo o estado, 52 mil novos postos de trabalho foram abertos em outubro de 2004, revelando crescimento de 1,1% em relação a setembro. No entanto, de outubro para novembro, houve uma queda de 0,2%, principalmente no interior, ligada ao processo final de safra de culturas permanentes, como arroz. No período de 12 meses (novembro de 2003 a novembro de 2004), o índice foi positivo e registrou alta de 3,9%.
O faturamento verificado nas pequenas e micros empresas cresceu 1,7% em novembro em comparação a outubro do ano passado, o que significa uma receita total de R$ 18,5 bilhões no mês. Esse foi o sétimo mês consecutivo de recuperação no faturamento mensal das empresas. Essa retomada aponta para um otimismo dos pequenos empreendedores para o início de 2005.
“O setor é o primeiro a sentir os efeitos das crises econômicas e o último a se recuperar, mas esperamos que esse crescimento econômico demonstre consistência nos próximos meses”, explica o diretor superintendente do Sebrae-SP, José Luiz Ricca.
Pequena indústria – O setor industrial também teve um bom desempenho no final do ano passado. Segundo pesquisa realizada pelo Simpi, no mês de outubro, o uso da capacidade instalada (UCI) nas micros e pequenas indústrias cresceu 0,9%. A média de 69,5% do UCI em outubro, contra 68,6% em setembro foi a mais expressiva nas pesquisas dos últimos meses. A entidade ainda não tem as estatísticas de novembro.
O mesmo levantamento apontou melhora dos números do emprego no setor industrial. Na amostra verificada em 118 empresas, 23% contrataram trabalhadores no mês de outubro contra 14% que abriram vagas em setembro. Em outubro, foram criados 3,9 mil empregos chegando ao total de 985.300 no conjunto das micro e pequenas indústrias pesquisadas.
Quanto ao faturamento, houve um aumento de 3,1% contra a queda de 1% verificada em setembro. Esse aumento ocorreu em 37% das pequenas indústrias nos resultados de outubro, contra 30% em setembro.
Apesar dos números positivos, Joseph Couri, presidente do Simpi, acredita que a trajetória do emprego é mesma de anos anteriores. “A economia informal gera empregos, mas o setor precisa de financiamento da produção e menos burocracia para abrir novos postos de trabalho”, diz.
Comércio e serviços – No final do ano passado, os setores de comércio e serviços mostraram uma pequena evolução. Segundo os dados do Sebrae-SP, o faturamento das empresas do comércio cresceu 1,5% em novembro, se comparado a outubro de 2004.
Segundo o diretor do Instituto de Economia Gastão Vidigal, da Associação Comercial de São Paulo (ACSP), Marcel Solimeo, somente as grandes redes de lojas tiveram aumento expressivo nas vendas, que foram impulsionadas pelo crédito para os produtos de maior valor, como eletroeletrônicos. “Com a recuperação da massa salarial observada nos últimos meses, o pequeno comércio poderá vir a ser beneficiado de agora em diante”, afirma.
Os serviços, liderados por transporte, armazenagem e distribuição de mercadorias, cresceram 6% em novembro, se comparados a outubro de 2004.
A pesquisa do Sebrae-SP também mostrou o crescimento do estado. Tanto a região metropolitana (+1,6%), quanto o ABC (+3,2%) e o interior (+1,8%) tiveram variação positiva de outubro para novembro. Mas, apenas o interior registrou receita crescente em novembro: 3,7%. A região metropolitana teve queda de 2,1% e o ABC, de 9,2%.
Sérgio Ruiz