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Pequena busca o crescimento em 2003

Guarulhos, 09 de janeiro de 2003

O faturamento das micro e pequenas empresas do estado de São Paulo deve fechar 2002 com uma queda de cerca de 13% em relação ao ano anterior. A previsão foi feita nesta quarta (08) pelo coordenador do departamento de pesquisas do Sebrae-SP, Pedro João Gonçalves. Para este ano, porém, o técnico espera que haja “algum crescimento real” das receitas. Gonçalves estimou os resultados com base no desempenho do setor em novembro de 2002, que foi divulgado pela entidade.

No mês, o faturamento das micro e pequenas paulistas caiu 4,7% frente a outubro e 0,7% ante novembro de 2001. No acumulado de janeiro a novembro do ano passado, a baixa chega a 14,4%. Para o técnico, a queda entre outubro e novembro não surpreende, porque o penúltimo mês do ano é, tradicionalmente, mais fraco do que o anterior.

Além do Dia da Criança, data que ajuda a movimentar o comércio, as encomendas da indústria para o Natal costumam ser feitas em outubro, que também tem mais dias úteis do que novembro. O dado preocupante, segundo o coordenador, foi a retração no ano. “Isso mostra todas as dificuldades que foram enfrentadas pelas micro e pequenas empresas em 2002”.

Fundo do poço – Ainda assim, Gonçalves disse que houve, no ano passado, uma tendência contínua de recuperação do faturamento das micro e pequenas empresas. “Em janeiro de 2002, chegamos ao fundo do poço”, disse ele. Naquele mês, as receitas recuaram 23,2% frente a janeiro de 2001. Em março, ainda houve baixa de 26,6% mas, daí para frente, as quedas foram mais brandas. Em agosto por exemplo, a retração foi de 8,7% e, em outubro, houve um pequeno crescimento, de 0,2%. “Mas a recuperação foi muito modesta. Não foi suficiente para superar 2001”, ressaltou.

Alta real – Para 2003, porém, a previsão é de que haja crescimento real. “Não projetamos uma expansão muito elevada, mas algo melhor do que 2002, em termos reais”, disse Gonçalvez, mas sem precisar números. “Ainda nem fechamos o resultado de dezembro, não temos condições de fazer previsões para 2003”. Um dos fatores que deve motivar a recuperação neste ano, disse o técnico, é a expectativa de aumento do nível de emprego e renda.

Pesquisa da LCA Consultores mostra que a taxa de ocupação deve subir 2,35% no País e 2,85% em São Paulo. Em 2002, os aumentos foram de, respectivamente, 1,75% e 0,65%.

Pedro Gonçalves explica que a retomada do mercado de trabalho tem mais influência sobre as pequenas empresas do que sobre as grandes, pela própria característica do setor. Segundo ele, as firmas de menor porte são mais fortes nos segmentos de consumo básico, como alimentação (supermercados e lanchonetes, por exemplo), confecções, lojas de material de construção e serviços de encanadores e eletricistas, entre outros. “São áreas que dependem diretamente dos salários da população”. Além disso, acrescenta, não são bens que dificilmente são exportados – ou seja, não há como usar a válvula de escape do mercado externo se a economia doméstica vai mal.

Emprego acompanha – O Sebrae também espera que as micro e pequenas empresas paulistas voltem a contratar neste ano. Em novembro de 2002, o nível de pessoal ocupado no setor caiu 0,2% em relação a outubro e 6,1% frente a novembro de 2001. No acumulado dos 11 meses do ano, a retração é de 12,2%. “O emprego deve acompanhar o faturamento”, afirma Gonçalves. “Historicamente, é isso que ocorre, mas num nível mais lento”. Ele lembrou que as micro e pequenas empresas respondem por 67% do total de empregos no estado.

Giuliana Napolitano