O governo já considera assegurado um superávit de cerca de US$ 1 bilhão (0,2% do PIB) nas transações correntes do balanço de pagamentos deste ano, o primeiro desde 1992. O resultado demonstra um enorme ajuste de US$ 8,7 bilhões nas contas externas do país, que fecharam com déficit de US$ 7,69 bilhões em 2002.
Nas últimas projeções oficiais sobre o comportamento das contas externas de 2003 e 2004, o Banco Central ainda optou por estimativa conservadora, de um déficit de US$ 1,2 bilhão este ano, que corresponderia a 0,28% do PIB. Mas, dentro do governo, já não há mais dúvidas de que o saldo será positivo.
O BC estimou, na época, que haveria um forte aumento das importações (14%) no último trimestre do ano, o que não ocorrerá. E o superávit da balança, anteriormente projetado em US$ 20,5 bilhões, agora foi reestimado em cerca de US$ 22 bilhões.
O resultado das contas correntes revela o volume de capitais que o país importa (ou, quando há superávit, exporta). Seu comportamento é, ao lado da performance da dívida líquida do setor público como proporção do PIB, um dos indicadores mais relevantes da solvência de uma economia. Ter déficit é até uma condição importante para países emergentes, como o Brasil, que precisam de poupança externa. Mas a capacidade de promover um ajuste monumental nas contas do balanço de pagamentos, diante de condições adversas de financiamentos este ano, é mais um motivo que vem alimentando a melhora dos indicadores financeiros.
Claudia Safatle