País deve perder 20% dos certificados ISO
A oito meses do prazo final para atualização do certificado ISO 9000 para a versão 2000 apenas 20% das companhias brasileiras realizaram as modificações. Mais de 4,6 mil companhias ainda não se habilitaram e correm o risco de perder seus certificados até dezembro, quando se encerra o prazo. A falta de atualização deve afetar principalmente os exportadores, que podem perder contratos no exterior, já que muitas indústrias dependem da ISO para vender seus produtos no mercado internacional. Especialistas avaliam que o país poderá perder até 20% dos certificados existentes hoje.
“Certamente algumas empresas vão perder mercado no exterior”, avalia Júlio Fonseca, diretor da Bureau Veritas Quality International (BVQI). O executivo lembra, ainda, que hoje as licitações governamentais também exigem o certificado ISO 9000, principalmente na área de construção, o que pode levar algumas empresas a não conseguir atender mais aos editais.
“A ISO é uma barreira não tarifária aceita pela OMC (Organização Mundial do Comércio)”, lembra Eugênio de Simone, diretor de normalização e certificação da Associação Brasileira de Normas Técnicas (ABNT). O executivo acredita que os grandes exportadores estão atentos e não devem integrar a lista de empresas que podem ficar sem o certificado no fim do ano.
As auditorias começam a prever problemas, como a falta de pessoal suficiente para atender as empresas atrasadas. “Mesmo que todos consigam fazer as mudanças necessárias, não haverá certificadoras e auditores suficientes para atender todo mundo até o fim do ano”, diz Fonseca.
Segundo o diretor da BVQI, a demora das companhias em realizar as adaptações está na dificuldade que muitas devem estar encontrando para mudar seu sistema de gerenciamento. O problema, de acordo com Fonseca, está afetando principalmente as pequenas e médias empresas, na medida em que as grandes normalmente já trabalhavam com os requisitos da nova versão da ISO. Pesquisa realizada pela BVQI com 959 empresas mostrou que 9% devem desistir do certificado.
Péricles Arilho, gerente de marketing da auditoria UL estima que entre 10% e 20% das companhias vão perder seus certificados: “metade por convicção e o resto por não ter capacidade de atingir os requisitos da versão 2000”.
Segundo o executivo, muitas das grandes companhias têm sistemas de qualidade até mais rigorosos que a ISO e por isso não devem renovar o certificado, cortando o custo da renovação. Essas empresas normalmente são multinacionais que exportam apenas para suas matrizes no exterior.
Marcelo Lojudice