Os setores que já estão com as atividades paradas
Os “números da economia real”, que mostram baixas vendas, cancelamentos de pedidos, dispensa de funcionários, queda nas vendas, inadimplência, redução de turnos de trabalho e redução drástica da produção, chocaram o vice-presidente da República, José Alencar (PL).
O que deveria ser uma pergunta do ex-presidente da Associação Comercial, Élvio Aliprandi, durante a reunião plenária da associação, acabou se transformando numa fotografia do que está acontecendo de fato no mundo da produção: números que demostram que a economia brasileira já entrou “num estágio preocupante.”
Os dados foram levantados pelo próprio Aliprandi junto a empresários de vários segmentos e foram impressos junto com uma pergunta: “Esse é o Brasil que queremos?”. Ele leu o documento para o vice-presidente, que ouviu atentamente. Ao final, José Alencar pediu uma cópia, dizendo simplesmente: “Quero levar para Brasília.”
Para Elvio Aliprandi, esses dados são muito importantes. “Pois eles espelham com fidelidade o que está de fato acontecendo na economia real, no mundo de quem está no dia-a-dia da produção.” A seguir, um resumo do que foi lido por Aliprandi, não apenas aos líderes empresariais presentes, mas também para a rede das 15 Distritais da Associação e para as 400 Associações Comerciais do Estado, que tiveram acesso à plenária via Internet, pela WebTV da Associação.
Metais não-ferrosos (arames, vergalhões, latão etc): Baixas vendas, cancelamento de pedidos em carteira, alta solicitação dos clientes para prorrogação de vencimentos de duplicatas.
Arames: baixas vendas, setor quase parado, prorrogação de prazos de entrega, inadimplência, 37% de decréscimo.
Aços: até abril exportando todo aço e faltava o produto no mercado interno. Após abril, caíam as exportações, contratos de exportações sendo cancelados, revendedores com vendas baixíssimas e dúvidas de melhora para o segundo semestre.
Cimento: queda de até 30%.
Sucata de metais ferrosos; queda de 30% a 40% no volume, dispensa de funcionários, grandes empresas com grave situação financeira e dificuldades de sobrevivência.
Recuperadora de plástico: quase três meses não há plástico para recuperar devido à baixa atividade do setor.
Centrais Sindicais dos Metalúrgicos de São Paulo versos Grupo G9 (20 mil empresas, 370 mil trabalhadores): aumento de 10% nos salários de fevereiro e março com pedido das empresas de parcelamento. Baixa atividade, corte de produção, queda de até 40%.
Transportadora de carga por caminhão: frota envelhecia com idade superior a 18 anos, maioria das empresas inadimplentes, não renovam a frota por falta de financiamento.
Metais sanitários: queda de 35% nas vendas em abril e maio comparado ao primeiro trimestre. Compras suspensas até setembro.
Embalagens metálicas: Redução de três para um turno.
Alimentícios: sensível redução da produção.
Embalagens de cartão e cartonagem: redução de 30% na atividade, com falta de recursos para dispensas
Laboratórios de medicamentos: queda de 15% a 30%.
Fábrica de meias: grandes dificuldades, dispensas.
Carros: pátios lotados, férias coletivas, desova provoca descontos de até 15%.
Atacadistas: não vende não compra, alto índice de inadimplência.
Papelaria e materiais de escritório: algumas empresas alegam desespero, elevada inadimplência, elevado índice de cheques sem fundo.
Postos de gasolina: por falta de dinheiro motoristas estão colocando o combustível estritamente necessário. Média de R$ 10 a R$ 20.
Sergio Leopoldo Rodrigues