Notícias

Operador alerta que risco de apagão é alto até 2004

Guarulhos, 06 de fevereiro de 2002

ImagemPara o Operador Nacional do Sistema (ONS), a ameaça dos apagões não pode ser eliminada, ainda mais no Brasil, cujo sistema elétrico é vulnerável e convive com instalações e equipamentos antigos. “Não adianta enganar a sociedade e dizer que existe sistema à prova de black-outs”, disse o presidente do ONS, Mário Santos depois de ser ouvido pela comissão montada pelo governo para investigar o apagão ocorrido no dia 21 de janeiro.

Mário Santos disse que o ONS não pode ser culpado pelo apagão que deixou sem luz boa parte do Centro-Sul. Para a Agência Nacional de Energia Elétrica, o ONS foi um dos responsáveis pelo apagão junto com a Companhia Transmissora de Energia Elétrica Paulista (CTEEP), dona da linha de transmissão que se rompeu por causa de um parafuso frouxo. “Até prova em contrário, nós entendemos que agimos corretamente e vamos nos defender”, garantiu Mário Santos. Se a Aneel não acatar as explicações do ONS, Mário Santos disse que poderá recorrer à justiça para não ser punido. Ele lembrou que no apagão de 1999, o ONS também foi notificado pela Aneel e depois inocentado pela própria agência reguladora.

O problema, segundo Santos, é que o sistema elétrico brasileiro não é confiável, não suporta dois acidentes simultâneos, como aconteceu no dia 21, quando uma linha de transmissão rompeu e outra acabou sendo desligada incorretamente. O sistema também possui equipamentos e instalações que ultrapassam 30 anos de uso e o atraso nos investimentos em geração e transmissão aumentaram ainda mais a sua vulnerabilidade, afetando principalmente os estados de São Paulo e Rio de Janeiro. “Com certeza houve atraso de obras, os sistemas de São Pulo e Rio são os mais antigos e dependem de fontes geradoras (usinas) muito distantes”, explicou Santos. No apagão do dia 21 de janeiro, Distrito Federal, Goiás e Minas Gerais conseguiram recompor suas cargas mais rapidamente porque usaram energia de usinas próximas. A solução, para Santos, passa por medidas de curto e médio prazos. No curto prazo, seriam necessárias obras de reforço das linhas de transmissão, instalação de equipamentos para melhorar o controle de tensão das linhas no momento da recomposição da carga após um desligamento , e a modernização dos recursos de controle e supervisão do ONS, que trabalha com centros de controle antigos, herdados de empresas como Furnas e Chesf. No médio prazo, as alternativas seriam reprogramar a instalação de usinas térmicas para locais mais próximos dos centros consumidores, ampliar a rede de transmissão e investir maciçamente em equipamentos de segurança. Se as providências forem tomadas, é possível minimizar a vulnerabilidade do sistema elétrico em um período que vai de seis meses até dois anos.