O Brasil registrou 410 mil acidentes de trabalho no ano passado, responsáveis pela morte de 3 mil trabalhadores (8 óbitos por dia) e por 102 mil brasileiros permanentemente inválidos. Milhares de trabalhadores adquiriram, em suas funções, doenças com as quais terão de conviver pelo resto de seus dias. Os dados são do Ministério da Previdência e Assistência Social e são relativos ao ano de 2002. As estatísticas do Ministério só consideram os trabalhadores da economia formal, que têm carteira assinada e pagam o INSS, o que deixa de fora cerca de 40 milhões de pessoas.
Custos para o País – O sociólogo José Pastore, que realiza estudos nesta área há mais de 40 anos, avalia que este quadro, além de desumano, acaba redundando em um custo altíssimo para o país. Segundo ele, o custo dos acidentes de trabalho para as empresas é de cerca de R$ 12,5 bilhões anuais e para os contribuintes, de R$ 20 bilhões anuais. Portanto, o custo total é de cerca de R$ 32 bilhões para o país.
Segundo o Ministério da Saúde, cerca de 200 patologias estão relacionadas ao trabalho. Dessas, merecem destaque as Lesões por Esforço Repetitivo (LER), também denominadas Distúrbios Osteomusculares Relacionados ao Trabalho (DORT), segunda causa de afastamento do trabalho no Brasil, segundo o INSS.
A cada 100 trabalhadores na região Sudeste, por exemplo, um é portador de LER, diz a Organização Mundial de Saúde (OMS). A doença atinge profissionais entre 30 e 40 anos e ataca principalmente bancários, metalúrgicos e operadores de telemarketing.
Depressão e fadiga – Bancários e profissionais de saúde são os que mais se afastam por causa de doenças mentais. Dessas, 55% são doenças depressivas. As doenças relacionadas ao estresse e à fadiga física e mental também são apontadas por especialistas como as que mais afetam os trabalhadores, apesar da subnotificação dos casos. É o que aponta pesquisa realizada em 2002 pelo Laboratório de Saúde do Trabalhador da Universidade de Brasília (UnB) a partir de dados do INSS.
Alguns fatores de risco que predispõe à doença mental, apontados na pesquisa, são lidar com a vida e a morte (situação vivida pelos profissionais de saúde), lidar com o público, com dinheiro, pressão temporal, pressão da informatização, atividades monótonas, a sobrecarga de trabalho e a diminuição dos salários.
Agrotóxico – Na área rural, o agrotóxico é o principal vilão, já que os trabalhadores do campo no Brasil são os que estão mais sujeitos à exposição aos seus efeitos nocivos.
De acordo com as estimativas da OMS, anualmente cerca de três milhões de pessoas são contaminadas por essas substâncias e 70% dos casos ocorrem em países em desenvolvimento. Os agrotóxicos estão em sétimo lugar em número de acidentes com substâncias químicas e em primeiro no número de mortes.