O bom desempenho da balança comercial
O superávit de US$ 1,480 bilhão da balança comercial, em março, foi o maior registrado para este mês desde 1994 e o resultado acumulado em 12 meses, US$ 15, 875 bilhões, praticamente garante que a meta de US$ 16 bilhões, prevista para 2003 pelo Banco Central, será ultrapassada.
É interessante a análise dos resultados do primeiro trimestre, que apresentou superávit de US$ 3,763 bilhões, 266% maior do que o do mesmo período de 2002. As exportações acusaram, em relação ao primeiro trimestre de 2002, crescimento de 26,5% e as importações, de 3,9%.
Alguns fatos merecem destaque: a média por dia útil das exportações tem sido crescente – US$ 218,4 milhões em janeiro, US$ 250,1 milhões em fevereiro, US$ 275,7 milhões em março. As exportações de produtos básicos, no trimestre, em relação ao mesmo período de 2002, aumentaram 45,6% e as de semi-manufaturados, 38,9%. Nos dois casos, o fator principal foi o aumento dos preços das “commodities”, mais do que o do volume vendido. As exportações de produtos manufaturados, no entanto, no valor de US$ 8,259 bilhões, aumentaram 21,7%, sem a mesma vantagem dos aumentos de preços e no contexto de uma economia mais debilitada nos países industrializados.
Isso se deveu à maior diversificação geográfica das vendas externas. As exportações para os EUA aumentaram 18,8%, mantendo-se esse país como o maior mercado para o Brasil, com 27,0% do total das nossas vendas. O fato novo é que as vendas para os países da União Européia cresceram mais (24,9%) do que as exportações para os EUA, refletindo a valorização do euro.
As exportações para o Mercosul aumentaram 44,9%, com destaque para a Argentina, com aumento de 84,9%, fazendo crer que as vendas para este país proporcionarão um acréscimo de 2% às exportações brasileiras (20% da meta oficial para o ano). Para os outros países da Aladi, o crescimento das exportações foi de apenas 8,7%, mas de 28% no caso do México.
Para a Ásia, as exportações cresceram 48,5%, sendo um caso especial a China, para onde as exportações têm tido progresso constante, e aumentaram 149%.
Para o Oriente Médio registra-se aumento de 36,8% e para a Europa Oriental, de 57,1%. A conquista de novos mercados é um fato auspicioso porque poderá amenizar os efeitos negativos de uma crise nos países industrializados.
O aumento de apenas 3,9% nas importações reflete a falta de dinamismo da economia brasileira. O aumento foi devido unicamente ao petróleo. Sem esse produto, as importações teriam queda de 0,4%.
Com esse resultado, a previsão de um superávit de US$ 16 bilhões para este ano tornou-se muito conservadora.