Não é brincadeira
Em meio aos recentes anúncios de recall de brinquedos feitos pela Mattel e Gulliver, o Instituto Nacional de Metrologia e Qualidade Industrial (Inmetro) decidiu tornar mais rígidas as regras para importação dos produtos. A Portaria 326, publicada no último dia 27 de agosto, exige agora testes em todos os lotes, o que está tirando o sono dos importadores e dos fabricantes nacionais, especialmente os pequenos
Até então, além dessa opção, as importadoras podiam utilizar o processo de certificação por qualidade. Os brinquedos vindos do exterior eram certificados de fábrica e, se o primeiro lote fosse aprovado, só passavam por novo teste após quatro meses. Nesse intervalo, não havia limite de importação. Agora, essa opção foi extinta. E todo lote, independentemente do tamanho da empresa, terá de ser certificado.
Para Eduardo Benevides, presidente da Associação Brasileira dos Importadores e Exportadores de Brinquedos (Abrimpex), a nova exigência vai diminuir a diversidade de produtos e torná-los entre 30% e 40% mais caros. “Além disso, alguns itens que estão em processo de certificação para o Dia das Crianças deixarão de ser lançados”, afirma.
Lição de casa — A regra de avaliação de cada lote passa a valer também para os fabricantes nacionais, que continuam com a opção do processo de qualidade. Mas os produtores de brinquedos educativos já falam em extinção dessa categoria. “A nova portaria do Inmetro tornou praticamente inviável a produção dos educativos, pois eles são feitos em pequena escala”, diz Marta Giardini, presidente da Associação Brasileira de Brinquedos Educativos (Abrine).
Marta, que também é proprietária da Mitra Officina de Criação, de jogos educativos, explica que embora esses produtos sejam fabricados em escala artesanal, também estão sujeitos à legislação, que exige certificação compulsória para a venda, com selo do Inmetro.
Custo elevado — Ela diz que a certificação para brinquedo educativo tinha validade de um ano e representava entre 30% e 40% do custo. “Com a nova portaria, teremos de fazer uma nova certificação a cada três ou quatro meses, o que torna o custo muito alto e a produção praticamente inviável, pois não trabalhamos com estoque”, afirma a artesã, que atende cerca de 150 lojas espalhadas pelo País e produz, mensalmente, 500 jogos.
O Inmetro fiscaliza, em média, 8,5 milhões de unidades de brinquedos nas prateleiras das lojas todos os anos e retira cerca de 65 mil unidades (0,7%) por estarem em situação irregular. Segundo a assessoria de imprensa da Associação Brasileira das Indústrias de Brinquedos (Abrinq), a nova portaria vai ajudar na fiscalização e tornar a compra pelos consumidores mais segura.
Procurado pela reportagem do Diário do Comércio , o presidente da Abrinq, Synésio Batista da Costa, não foi encontrado para comentar a nova portaria. A Associação Brasileira dos Revendedores de Brinquedos (Abreb) também não deu retorno.