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Novo governo enfrentará pesadas dívidas das elétricas

Guarulhos, 18 de outubro de 2002

O próximo governo terá de ficar atento a um possível agravamento da situação financeira das companhias energéticas, ainda no primeiro ano de mandato. Um estudo realizado pelo professor Maurício Tolmasquim, coordenador do Centro de Economia Energética e Ambiental, revela que das dívidas totalizadas em R$ 32,7 bilhões, entre 21 concessionárias de distribuição de energia nos balanços do primeiro semestre, 31% deverão vencer até 2003.

Além disso, segundo o estudo, R$ 22,4 bilhões do montante são compromissos em dólar. “É um fato assustador, que causa grande preocupação”, diz Tolmasquim, um dos principais críticos das iniciativas adotadas pelo governo Fernando Henrique Cardoso no setor elétrico. “O mais alarmante é que esses números se referem ao primeiro semestre deste ano, antes, portanto, da crise cambial atual, que deve ter ampliado significativamente esses valores”, acrescentou.

O estudo, realizado em conjunto com dois doutorados da COPPE, deverá ser transformado em livro sobre as estratégias adotadas pelas companhias de energia elétrica desde as privatizações. O professor considera que o endividamento em dólar é maior nas companhias cujo controle está em poder de grupos estrangeiros. “Trata-se de um mecanismo de transferência de recursos para o exterior, por meio de endividamentos junto à matriz e aos bancos que com ela têm negócios”, explica Tolmasquim.

Eugênio Melloni