Nova lei reduz número de falências
Entre 30 e 40 falências de empresas são decretadas todos os meses na cidade de São Paulo. São companhias que por diversos motivos não conseguiram pagar seus credores e acabaram na lista de “mortes comerciais” da Associação Comercial de São Paulo (ACSP). E o número já fui muito maior. De acordo com o economista do Instituto Gastão Vidigal, Emílio Alfieri, no final da década de 1990, entre 130 e 140 falências eram decretadas todos os meses. “Na época, a cotação do dólar estava equiparada ao do real e os empresários enfrentaram uma enxurrada de concorrência de produtos importados, além do juro alto”, diz.
Mas a situação está melhorando. Em junho passado entrou em vigor a nova lei de falências e, com ela, o número de decretações caiu mais de 20%. Em janeiro, só 14 empresas tiveram a falência decretada.
Segundo o advogado Charles Gruenberg, especialista em direito comercial, antes da nova lei, quem preenchia os requisitos legais podia pedir concordata, mas isso não significava que conseguiria pagar os credores. “Usualmente, ficava determinado que a empresa teria que pagar 40% da sua dívida no primeiro ano e 60% no segundo ano. Muitos empresários não conseguiam e faliam”, explica. Hoje, a companhia pede recuperação judicial e apresenta uma proposta aos credores, que aceitam ou não.
Morte anunciada – Entre as que não sobrevivem, a maior parte (56% segundo o Sebrae-SP) fecha em até cinco anos de atividade. A principal razão para essa falência prematura é a falta de comportamento empreendedor dos proprietários. De acordo com o coordenador de Pesquisas Econômicas do Sebrae-SP, Marco Aurélio Bedê, apenas 13% das pessoas que abrem uma empresa são antigos proprietários de outra. “A maioria são ex-empregados que decidem se aventurar e não sabem definir metas e objetivos ou mesmo buscar apoio de terceiros”, diz.
A segunda maior razão de falências também está ligada à inexperiência: falta planejamento. “É fundamental que o futuro empresário pesquise demanda, concorrentes, localização e custos”, diz Bedê. Outro problema é a falta de gestão empresarial. Os novos proprietários simplesmente não sabem calcular despesas e fazer fluxo de caixa.
Para ajudá-los, o Sebrae mantém, em todas as suas unidades, palestras com temas específicos – por exemplo, legislação trabalhista e cursos de gestão empresarial, fluxo de caixa e atendimento ao cliente, entre outros. Da mesma forma, a ACSP mantém programas de apoio aos empresários, com cartilhas e palestras.
No que diz respeito a companhias antigas, os motivos para a falência são mais variáveis, mas em grande parte estão ligados a disputas familiares. “Muitas vezes o pai que abriu a empresa morre e seus filhos não sabem tocar o negócio, ou querem disputar poder.” Outro aspecto comum na falência de companhias antigas é a desatualização. “Pessoas que têm um negócio há anos negam-se a instalar softwares de gestão e outras tecnologias ou a adaptar seus processos. Conclusão: os concorrentes abocanham o mercado”, diz o coordenador do Sebrae.