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Negócios fechados em ritmo de tango

A Argentina voltou a ocupar, em 2003, a segunda posição no ranking dos maiores compradores de produtos brasileiros. O volume de exportações para o país platino somou US$ 4,561 bilhões, um espetacular aumento de 94,7% ante 2002, quando as vendas externas foram de pouco mais de US$ 2,3 bilhões. Com a retomada, o comércio bilateral subiu para US$ 9,23 bilhões, mas ainda está muito abaixo dos quase US$ 15 bilhões que eram comercializados nos final dos anos 90. Por outro lado, é um salto imenso quando comparado ao início da mesma década, quando as transações entre os dois países atingiam pouco mais de US$ 2 bilhões.

Para o presidente da Câmara de Comércio Argentino Brasileira de São Paulo, Alberto Joaquin Alzueta, o ano passado representa uma recuperação das exportações do Brasil. Mas ele salienta que um crescimento maior só ocorrerá se a situação econômica do país também se mantiver. “O comércio entre os países não pode ser melhor que a situação individual de cada um deles. Prova disso é que, em 2002, a Argentina enfrentava sérios problemas econômicos e, conseqüentemente, reduziu as transações com o Brasil pela metade”, afirma.

Na opinião de Alzueta, a recuperação teve início especialmente com o fim da paridade do peso com o dólar, que favoreceu o agronegócio, tornando os produtos argentinos mais competitivos no mercado internacional. “Junte a isso a alta do preço internacional do petróleo – que a Argentina é grande exportadora – e temos a inserção do país novamente no dia-a-dia da economia mundial”, diz. Como os estoques argentinos estavam muito baixos, o Brasil, que é seu principal parceiro, foi favorecido e aumentou as vendas.

Equilíbrio da balança – A julgar pelo ritmo das exportações do primeiro bimestre deste ano, a Argentina está consolidando seu crescimento. Entre janeiro e fevereiro, as exportações brasileiras para o país cresceram 97% em relação ao mesmo período do ano passado, saltando de US$ 488 milhões para US$ 894 milhões.

Apesar da expansão, a balança bilateral anual é deficitária para o Brasil em US$ 112 milhões. O saldo negativo seria maior se, no ano passado, as importações brasileiras de mercadorias argentinas não tivessem diminuído 1,5%, totalizando US$ 4.673 bilhões.

De acordo com o diretor do Departamento de Relações Internacionais e Comércio Exterior da Federação das Indústrias do Estado de São Paulo (Fiesp), Maurice Costin, a balança comercial sempre foi favorável à Argentina. Segundo ele, não interessa ao Brasil apenas atingir superávits, já que existe a oportunidade de comprar mercadorias de maior valor agregado aproveitando as vantagens tarifárias.

Pauta de exportação – Do lado brasileiro, têm destaque as exportações de automóveis e autopeças, produtos têxteis e papel e papelão com valor agregado. “Ao contrário do que que se imagina, há vários anos o Brasil exporta produtos industrializados e semi-industrializados e, não apenas matéria-prima”, afirma Costin.

O diretor da Fiesp acredita que este ano a Argentina deve comprar entre 10% e 15% mais produtos brasileiros. “A melhora da situação da Argentina é primordial não apenas para mantermos nossa balança comercial, mas para fechar o acordo comercial entre o Mercosul e a União Européia. Ainda não sabemos se essa melhora é apenas uma bolha. Mas ela sem dúvida é necessária para fortalecer o Mercosul”, finaliza Maurice Costin.

Patrícia Büll

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