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Nas escolas, o risco é de inadimplência nas mensalidades

A crise financeira chegou ao sistema de educação superior. As instituições de ensino já se preparam para o aumento da inadimplência e começam a investir em promoção de “mutirões” de negociação com intermediação bancária. Para as escolas, haverá diminuição da relação candidato/vaga nos próximos vestibulares e maior procura por descontos nas mensalidades e bolsas de estudos.

“A crise é sistêmica, não está segregada apenas a um segmento da economia e deve afetar fortemente a área de ensino e educação, em especial o setor privado”, afirmou o diretor de planejamento e finanças do Instituto Presbiteriano Mackenzie, Solano Portela. “Além de uma migração já intensificada dos alunos para o setor público, a concorrência predatória entre as universidades que deixam de lado a qualidade do ensino pelo lucro, prejudicam o segmento.”

Para as instituições de ensino que dependem diretamente de crédito bancário para sobreviver, a crise pode ser ainda mais devastadora, segundo Portela. “Para aquelas que não são dependentes, como é o caso do Mackenzie, uma das formas de escapar da crise é estar melhor preparada e investir verdadeiramente em educação.” Mesmo que a instituição apresente índices de inadimplência abaixo dos 4%, a estratégia do Mackenzie para 2009 é acompanhar frequentemente a situação financeira dos alunos, adequar eventuais atrasos de pagamentos à capacidade financeira das famílias, utilizar empresas externas de cobrança ágil e organizar grupos de negociações.

Os responsáveis pela área de finanças da Trevisan Escola de Negócios também estão de olho no caixa e têm mantido contato com os alunos que podem ter dificuldades para manter as mensalidades em dia. “Os pedidos de bolsas de estudos e de descontos já aumentaram 30% em 2009 em comparação com o ano passado”, disse o diretor executivo, Fernando Trevisan. “E começamos a sentir a estagnação da procura por cursos ministrados em empresas.”

Entre 2007 e 2008, a procura por cursos in company aumentou 50%. “As empresas estão receosas e esperam para ver o que acontece antes de aumentar as despesas e investimentos com a educação de seus funcionários”, disse o executivo. “A crise é financeira, mas tem fundamento psicológico muito forte.”

A incerteza financeira das famílias tem diminuído a relação candidato/vaga na Pontifícia Universidade Católica de São Paulo, a PUC. “A concorrência de faculdades no interior do estado também influencia, mas o ponto é conseguir manter o filho em faculdade particular e bancar os custos de mudança para outra cidade sem ter a certeza que a renda se manterá nos próximos anos”, disse o vice-reitor, Antonio Vico Mañas.

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