Notícias

Na hora de formar preços, não faça um

Guarulhos, 06 de fevereiro de 2008

Concluídas as festas de Momo, todos os setores da economia se concentram em expandir sua atuação. Mas é necessária muita atenção, pois um bom fluxo de caixa, controle de impostos e gastos e conhecimento do mercado em que atua nem sempre são garantias de lucro. Um erro banal em uma das etapas da fixação de preços do produto à venda pode, facilmente, levar um negócio de rentável ao vermelho. E acertar o preço nem sempre é tarefa das mais fáceis.

“O maior erro dos empresários está, na maioria das vezes, em misturar sua vida pessoal à empresarial”, diz o consultor financeiro do Sebrae São Paulo Ricardo Curado. “Quando isso ocorre, mesmo que ele trabalhe com boa margem de lucro, dificilmente sua empresa será rentável.”

O consultor do Sebrae-SP afirma ser preciso que o empresário tenha disciplina não só para separar a pessoa física da jurídica, como também para anotar todos os gastos da empresa, desde o maior, como a aquisição de matéria-prima, até pequenas despesas, como a compra de material básico para o escritório.

“Caso ele não tenha pleno conhecimento do custo de seu produto e das despesas fixas e variáveis, certamente seu preço poderá estar comprometido”, avalia. Conforme Curado, para que uma empresa seja considerada saudável, o custo de aquisição ou de fabricação do produto deve ser de aproximadamente 50% do valor de comercialização. Da mesma forma, as despesas fixas (aluguel, água, luz, telefone, pagamento de funcionários, despesas financeiras, materiais de escritório e limpeza, alimentação e transporte, entre outros) devem consumir entre 25% e 40% do preço do produto. Já as despesas variáveis (impostos, por exemplo) devem oscilar entre 4% e 11%, dependendo do faturamento.

“Se imaginarmos uma empresa cujo custo de produção corresponde a 50% do seu valor de venda e as despesas fixas e variáveis não ultrapassem 40%, sobraria uma margem para o lucro de 10%”, explica.

Apesar disso, o consultor do Sebrae reconhece que poucas empresas de pequeno porte conseguem esse retorno. “A rentabilidade média tem se mantido em 3%, tanto no comércio como na indústria e no segmento de serviços. Isso garante que o capital investido para a abertura da empresa seja recuperado em um prazo médio de três anos”, afirma. “Mesmo assim, é um retorno mensal bem acima do oferecido em aplicações financeiras”, conclui o especialista.

Estratégias
– O consultor Frederico Zornig, que escreveu o livro “Acerte o preço e aumente seus lucros”, afirma que é preciso adotar estratégias diferenciadas para a definição do preço de venda, em vez do uso apenas do modelo “custo, despesas, lucro”. “Esse é um modelo bem simples, mas que pode ficar comprometido, caso haja, por exemplo, um aumento de preços da matéria-prima pelo fornecedor. Esse reajuste traria um impacto direto no bolso do consumidor, podendo afastá-lo da loja”, esclarece o escritor.

Outra armadilha em que os comerciantes podem cair na hora de fixar o preço de seu produto é não avaliar imprevistos, como prazo de validade ou troca de estação. “Na medida em que o prazo de validade de um produto se aproxima, o comerciante tende a baixar o preço, sem avaliar se está comprometendo o lucro, preocupando-se apenas em reduzir os possíveis prejuízos. São situações que já deviam ser previstas antes do início das vendas e que deveriam estar embutidas no preço”, ensina.