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Mudanças na Previdência podem aumentar a poupança

Muito além do esperado efeito de curto prazo de melhorar as expectativas do mercado, a reforma da previdência que o presidente Luiz Inácio Lula da Silva defende na abertura dos trabalhos do Congresso Nacional pode provocar mudanças estruturais na economia brasileira e remover um dos principais gargalos para o crescimento do país: a pequena taxa de poupança interna. Atualmente, no Brasil, o volume total de poupança corresponde a apenas 17,8% do Produto Interno Bruto (PIB, soma de todas as riquezas do país). São esses recursos, poupados pelos brasileiros em aplicações financeiras e fundos de pensão, que são usados para financiar investimentos de indústria, agricultura, comércio e serviço.

O economista Carlos Langoni, da Fundação Getúlio Vargas (FGV), estima que, só com a reforma da previdência, a taxa de poupança do país pode crescer em 2,5 pontos percentuais do PIB a médio prazo, o equivalente a mais de R$ 30 bilhões. Isso porque milhares de trabalhadores, sobretudo os funcionários públicos, seriam incentivados a criar fundos de pensão ou a comprar planos de previdência complementar em bancos e seguradoras. “Essa é a modalidade de poupança de longo prazo mais indicada para financiar a economia de países em desenvolvimento como o Brasil”, explica Langoni.

Hoje, os ativos dos fundos de pensão respondem por quase a totalidade da taxa de poupança do país. São R$ 178,24 bilhões, ou 15% do PIB. “A reforma, com um sistema único para servidores e trabalhadores da iniciativa privada, seria um grande incentivo para a previdência complementar. Tenho certeza de que esse é o melhor mecanismo para o Brasil dar um salto na sua taxa de poupança e sair da armadilha de crescimentos econômicos medíocres “, afirma.

Langoni calcula que o potencial de crescimento da economia brasileira é de 5% ao ano. Em 2002, a expansão do PIB deve ter ficado em apenas 1,5%, segundo estimativas do mercado. Para chegar aos 5%, é preciso uma taxa de poupança de pelo menos 25% do PIB. Esse patamar poderia ser alcançado, segundo Langoni, com a reforma da previdência e com um ajuste nas contas públicas, já que o déficit do governo, na prática, funciona como uma poupança negativa.

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