Uma ação conjunta deflagrada nas primeiras horas de sexta-feira, 16, pelo Ministério Público de Guarulhos e Polícia Civil cumpriu pelo menos 25 mandados de busca e apreensão de documentos em gabinetes, escritórios políticos e até mesmo residências de vereadores, supostamente envolvidos em um esquema que teria desviado quantia que pode chegar a R$ 600 mil. Até o atual presidente da Casa, Alan Neto (PSC), é alvo das investigações.
Dos 17 parlamentares envolvidos no suposto esquema, 12 atualmente cumprem mandato no Legislativo. Há também dois secretários municipais. Ulisses Correia (PT), que atualmente é titular da pasta de Assistência Social, e Vadinho Moreira, que está à frente da Secretaria de Esportes.
No prédio da Câmara foi realizada uma varredura desde a sala da Presidência da Casa, passando pelos gabinetes dos vereadores culminando no arquivo morto do Legislativo, localizado na garagem do edifício da rua Luiz Faccini, no Centro. De acordo com o promotor de Justiça de Guarulhos, Marcelo Alexandre de Oliveira, encarregado pela investigação, o esquema teria funcionado no Legislativo no período entre 2005 e 2006. As investigações teriam iniciado em 2006. A gestão dos mandados dos vereadores compreendia o período de 2005 a 2008.
“As informações partiram de um assessor do vereador Dudu [Eduardo Rodrigues Pereira da Silva (PR)], que denunciou um esquema de apropriação de dinheiro público por intermédio de verbas de gabinete na compra de material para escritório, fotocópias e selos. Perícias feitas nesses documentos constataram valores excessivos”, explicou o promotor ainda no estacionamento do Legislativo, enquanto policiais e funcionários do MP lotavam uma viatura com várias caixas com documentos apreendidos. Pelo menos 20 policiais participavam da operação no local.
Valores altos -As investigações do Ministério Público se concentraram principalmente no valor das postagens dos documentos expedidos pelos gabinetes, que em alguns casos chegavam a quantia de R$ 3 mil. Os altos valores despertaram à atenção do Ministério Público. Uma das pontas do esquema era centrado nos gabinetes dos vereadores e no da Presidência. A outra ponta funcionava em uma agência de postagem franqueada da Empresa Brasileira de Correios (EBC), em São Paulo, no bairro de Cidade Tiradentes, extremo Leste da Capital, administrada por uma pessoa identificada como Henri Diskin.
Segundo o MP, os vereadores utilizavam parte da verba de gabinete, estabelecida em R$ 5 mil por mês nos desvios. A agência dos Correios e um estabelecimento comercial localizado na periferia de Guarulhos emitiam as notas frias em favor dos vereadores, geralmente de serviços de postagem e de materiais de escritório.
Só com gastos de postagem o esquema teria desviado mais de
R$ 300 mil. Entre os mandados expedidos, estavam os endereços do apartamento do vereador Ricardo Rui (PPS), localizado na região central e no escritório político do vereador Wagner Freitas (PR). De acordo com o Ministério Público, entre os crimes praticados estão apropriação de dinheiro público, falsificação de documento, falsidade ideológica e formação de quadrilha.