Mortalidade infantil cai pela metade em oito anos
Desde 1995, o índice de mortalidade infantil no município de Guarulhos, caiu 54,21%. O resultado é proveniente das políticas públicas realizadas em oito anos pela Secretaria Municipal de Saúde, que reuniu neste período administradores de diferentes tendências políticas e que no próximo dia 3 de outubro voltam a se enfrentar nas urnas. Apesar da queda, o índice em Guarulhos ainda está acima da média do estado de São Paulo, que é de 14,85%. Ciente disso, a OSC Viva Guarulhos continua firme nos projetos do Pilar Saúde, para que esses números diminuam cada vez mais.
De acordo com a Secretaria Estadual da Saúde, em 1995, os índices na cidade eram considerados alarmantes. De cada mil crianças nascidas vivas, 34 morriam nos hospitais da rede pública de Guarulhos antes de um ano de vida. Esse número caiu para 20, em 1999 e em 2003, era 15. Durante a administração do ex-prefeito Jovino Cândido (PV), que ficou no cargo nos anos de 1999 e 2000, ocorreu a maior queda: 23,4%. Durante a atual administração de Elói Pietá (PT), a mortalidade infantil seguiu a tendência de queda e já está em níveis aceitáveis pela Organização Mundial de Saúde.
Sylvia Maria Moreira, secretária da Saúde na gestão Cândido, contou que o sistema de saúde teve muitos problemas naquele período. “O município perdeu a verba que vinha do Estado depois da saída do prefeito Néfi Tales” Ele foi afastado do cargo no final de 1998, acusado de improbidade administrativa. Os serviços tiveram que ser reorganizados e a verba destinada à saúde, recuperada. Em seguida começaram as mudanças.
O prédio do HMMG (Hospital e Maternidade Municipal de Guarulhos), que havia sido recuperado na gestão de Tales, precisou ser reformado mais uma vez, desde a pintura até a compra de equipamentos novos, passando pela contratação de pessoal. Na área social, foram implementados programas como o Banco de Leite, destinado a mulheres que não têm condições de amamentar e que podem adquirir leite doado por outras mães, sem oferecer nenhum risco ao bebê. Desse modo, mães soro-positivo também puderam dar leite a seus filhos sem transmitir o vírus HIV para o bebê.
Outro programa foi o Odonto-bebê, em que grupos nos postos de saúde ensinam as mães a manter a higiene bucal dos filhos. Aumento do salário dos médicos, mutirões de saúde na periferia e a distribuição de cloro onde não existe água tratada, foram outras melhorias que ajudaram a diminuir a mortalidade na cidade. “A própria canalização feita pela prefeitura já ajuda a diminuir a mortalidade”, disse a médica, referindo-se a implantação de saneamento básico em vários bairros.
Para falar sobre os avanços na gestão de Pietá, a atual secretária de Saúde, Vera Lucia Gomes, disse que não tinha tempo para atender a reportagem e transferiu as informações para sua assessoria. Desde 2001, houve a implantação de programas como o Parto Humanizado, que garante consultas de pré-natal na UBS (Unidade Básica de Saúde) mais próxima à residência da paciente e que oferece a primeira consulta do bebê com um pediatra. Foi implantada a Umaca (Unidade Móvel de Atenção à Criança), idéia reivindicada mas não implantada pela secretaria de Cândido, que está voltada aos bebês prematuros ou com baixo peso. Profissionais visitam residências para orientar as mães sobre saúde, cuidados, alimentação dos recém-nascidos.
Hoje, ainda segundo a assessoria da secretária, as gestantes de Guarulhos têm o atendimento garantido por equipes do Programa Saúde da Família, que chega a 200 mil famílias. Em 2001, eram apenas 4 mil. Os bebês são mantidos em berços ao lado das mães ou sob a monitoração de uma equipe especializada em casos mais graves. O Banco de Leite continua a ser o único da cidade.
A Organização da Sociedade Civil Viva Guarulhos está trabalhando no combate a mortalidade infantil na cidade. A questão foi considerada prioritária para este ano, dada a necessidade de melhoria no IDH-L (índice de Desenvolvimento Humano Longevidade).
Sendo assim, a equipe do Pilar Saúde da entidade realizou uma grande pesquisa e mapeamento sobre tudo o que vem sendo feito a respeito, com o objetivo de identificar programas implantados e necessidades para direcionar e intensificar as ações.
O projeto incluiu a criação de um grupo técnico, formado por médicos, que elaboraram um relatório com ações visando minimizar a incidência de mortes de bebês até um ano de vida.
Agora, eles estão trabalhando na elaboração de um projeto/proposta para ser apresentado às instituições que cuidam do problema. A seguir, ele será encaminhado às autoridades públicas e aos empresários do município para apoio às ações.
Rosanne D?Agostino (GuarulhosWeb)