Montadoras batem recorde de produção e vendas em 2004
As montadoras de veículos fecham o ano com resultados recordes de produção e exportações e prevêem para 2005 novo crescimento, ainda que em índices inferiores. A expectativa é que a produção no ano que vem chegue a 2,3 milhões de veículos, 5,4% a mais do que este ano, enquanto as vendas externas terão acréscimo de 7%, para US$ 8,6 bilhões. Até o final deste ano, o crescimento será de 20% e de 45%, respectivamente.
Às vésperas de fechar seu balanço, a indústria voltou a rever os números projetados para 2004, embalada pelos resultados de novembro, que registraram o segundo melhor desempenho do ano em produção (201 mil unidades) e vendas (138,8 mil unidades).
“Estamos em linha com o resultado do Produto Interno Bruto (PIB), acima das expectativas”, diz o presidente da Associação Nacional dos Fabricantes de Veículos Automotores (Anfavea), Rogelio Golfarb.
Balanço – Pelo balanço, o setor chegará ao fim de dezembro com produção anual de 2,2 milhões de veículos, 100 mil a mais do que o esperado. As exportações vão ultrapassar em US$ 500 mil o último valor projetado, de US$ 7,5 bilhões. Já as vendas internas confirmam a projeção inicial, de 1,54 milhão de veículos.
No cômputo do ano, a indústria foi beneficiada pelo crescimento do comércio mundial. Da produção total de veículos, 28% seguiu para mercados como Argentina, México, Venezuela, China e Rússia. “O combustível do crescimento da indústria foi o mercado externo”, confirma Golfarb. Ele acredita que esses mercados continuarão a melhorar o desempenho em 2005, o que deve garantir novo recorde em produção e exportações.
As vendas no mercado interno foram 7,8% melhores do que em 2003, mas ficaram aquém do esperado pela Anfavea. Levando-se em conta a última década, o número de 2004 perde para outros quatro anos em volume. Caso a projeção para 2005 se confirme e o consumo chegue a 1,62 milhão de unidades, o mercado praticamente voltará ao nível de 2001, quando foram comercializados 1,6 milhão de veículos no Brasil.
Resultado melhor pode ser atingido caso a indústria consiga fechar com o governo um programa de longo prazo que estabeleça queda de impostos e programa especial de financiamento. A proposta da Anfavea já está em poder do presidente Luiz Inácio Lula da Silva.
Empregos – Considerado um dos mais dinâmicos da economia por envolver ampla cadeia produtiva, o setor automobilístico voltou a contratar funcionários, após três anos de enxugamento. As montadoras abriram 11.227 vagas até novembro último. O quadro hoje é de 102 mil trabalhadores, maior número desde 1997, quando empregavam 115 mil pessoas e produziram 2,069 milhões de carros, até então o melhor resultado da história.
Para o economista Raul Velloso, que endossa a projeção do Banco Central de crescimento de 5% no PIB este ano, ainda que o índice caia para 3,5% em 2005, “há um cheirinho de crescimento sustentável da economia”. Segundo ele, os fatores de risco que podem frear o ânimo das montadoras são a taxa de juros (Selic), a crise na economia americana e o preço do petróleo.
Um único segmento da indústria automobilística, o de máquinas agrícolas, não compartilha o bom desempenho assistido nos automóveis, comerciais leves, caminhões e ônibus. Fabricantes de máquinas agrícolas devem repetir os resultados de 2003, com 38 mil unidades vendidas. Para 2005, o cenário é pior, com expectativa de queda de 10,5% nos negócios.