Mercado se divide sobre corte nos juros básicos
Para o presidente do Banco Central, Armínio Fraga, a inflação tem uma real tendência de queda e o Comitê de Política Monetária (Copom) deverá estar atento aos índices de preços para reduzir ou não a taxa básica de juros, hoje em 18,5% anuais, na reunião que termina nesta quarta-feira.
Outros membros da equipe econômica têm afirmado que a alta do dólar não está sendo repassada aos preços livres, o que daria tranqüilidade ao BC para reduzir a Selic.
– A tendência de queda na inflação é real. Quando essa turbulência de hoje passar, poderemos ver uma redução da taxa de juro real para um dígito – disse Armínio nesta quarta-feira, na Câmara dos Deputados.
O presidente do BC disse que a instabilidade nos mercados é exagerada:
– Vamos sair desse complexo mundo dos mercados, que viveu um nervosismo exagerado nos últimos dias.
Analistas: sem otimismo – A disparada do risco-país e do câmbio, que atingiram patamares recordes na última semana, é apontada por analistas como um entrave à redução dos juros básicos da economia nesta quarta-feira, quando será divulgado o resultado da reunião do Comitê de Política Monetária (Copom).
Porém, não há consenso no mercado, que cogita desde a manutenção da Selic até o corte de 0,5 ponto percentual.
Alexandre Bassoli, economista-chefe do HSBC Investment Bank, está entre os que acreditam que a taxa será mantida em 18,5%.
– O Banco Central tem se mostrado preocupado com a alta do dólar e do risco Brasil e, desde a última reunião, verificamos uma deterioração nestes indicadores, o que não abre espaço para cortes.
O economista Eduardo Berger, do banco Lloyds TSB, lembra que, nas reuniões anteriores, quando o cenário favorecia a redução nos juros, o BC preferiu aguardar. Para Berger, agora, mais do que nunca, a autoridade monetária deve ser prudente.
Luiz Carlos Costa Rego, economista-chefe da Sul América Investimentos, aposta na redução de 0,25 ponto percentual. Ele diz que a turbulência dos últimos dias é temporária e acredita que o BC deve levar mais em conta o longo prazo.
Mais otimista, a economista Sandra Utsumi, da BES Investimentos, espera corte de 0,5 ponto percentual. Ela lembra que, como a dívida em títulos do governo está a atrelada à Selic, a redução facilitaria sua rolagem, diminuindo a desconfiança do mercado sobre o pagamento da dívida e a pressão sobre o risco país e o dólar.
Patrícia Eloy, Enio Vieira e Isabel Sobral