Médicos X Operadoras: mais um round
A suspensão do atendimento aos usuários de planos de saúde a partir do dia 30, em São Paulo, poderá gerar mais dor de cabeça do que o esperado. Isso porque as consultas e demais procedimentos serão realizados mediante pagamento antecipado feito pelo paciente, que depois terá de solicitar o reembolso do valor pago junto às operadoras. O problema, alerta o Procon SP, é que nem todos os planos prevêem o ressarcimento em seus contratos.
O boicote dos médicos às seguradoras Bradesco Saúde, Sul América, Notre Dame, Unibanco, Golden Cross, AGF, Marítima, Porto Seguro e Itaú Seg é por tempo indeterminado. Só os casos de emergência serão atendidos sem necessidade do pagamento antecipado.
Para o Procon SP, o reembolso das consultas junto às operadoras não será tão simples para o usuário. Segundo Renata Molina, técnica da área de saúde do Procon SP, as pessoas precisam verificar se o ressarcimento é previsto no contrato. “Se for previsto tudo bem, o usuário tem o direito a ser ressarcido. Já se não constar essa cláusula no contrato, ele corre o risco de não ter de volta o valor pago na consulta”, alerta.
Para evitar contratempo, Renata sugere que o usuário que tiver consulta agendada para depois do dia 30, verifique antes se o médico aderiu ao movimento de boicote.
No caso de todos os médicos da rede credenciada estarem trabalhando somente com a possibilidade de reembolso, o usuário deverá cobrar uma solução das operadoras. “Nesse caso, as seguradoras devem viabilizar o atendimento e até mesmo arcar com os custos. Não é justo que o usuário, que já paga caro pela prestação de serviço, arque com mais essa oneração”, salienta Renata.
Outro lado – A Federação Nacional das Empresas de Seguros Privados e de Capitalização (Fenaseg), que representa as seguradoras especializadas em saúde, esclareceu que desde o dia 1º de julho estão em vigor os novos valores apresentadas pelas empresas aos médicos.
Na proposta, entre itens como honorários médicos e serviços auxiliares de diagnóstico e terapêuticos, o valor pago pela consulta passou de R$ 25 (média) para R$ 34 nos planos coletivos e R$ 30 nos individuais. “As seguradoras não só tentam atender às solicitações dos médicos como já implantaram a sua proposta”, diz a Fenaseg em comunicado oficial.
A Associação Paulista de Medicina (APM) rebateu a nota da Fenaseg alegando que a proposta foi feita, mas não foi aceita por não atender às reivindicações. Segundo a APM, as seguradoras não voltaram a negociar depois de apresentarem os valores estabelecidos.
Kelly Ferreira