Lojas querem criar cartão de crédito
A novidade deverá ser aceita nos 4,5 milhões de estabelecimentos filiados à CNDL em todo país e será operada pelo Serviço de Proteção ao Crédito (SPC), que é mantido pela entidade. As taxas cobradas dos lojistas vão cair pela metade, em relação às atuais, segundo o presidente da CNDL, Sebastião Mauro Figueiredo Silva. Ele reclama dos valores atualmente cobrados pelas administradoras de cartões, que ficam entre 3,5% e 4% do valor das vendas.
Nos cartões de débito, as administradoras recolhem das lojas entre 2% e 2,5%. “Esses percentuais são muito altos e às vezes inviabilizam os negócios”, afirma. Uma experiência semelhante já foi implantada pela Câmara de Diretores Lojistas de Belo Horizonte.
Segundo Figueiredo, 200 mil consumidores adquiriram o cartão, que é aceito em 20 mil estabelecimentos na capital mineira. Para ampliar o projeto para todo país, a maior dificuldade é mudar a cultura do lojista e convencer as pessoas a adquirir o novo produto.
O presidente da Associação Nacional de Defesa dos Consumidores do Sistema Financeiro (Andif), Aparecido Donizete Piton, aplaude a idéia, mas ressalva que, para funcionar, as taxas cobradas aos consumidores também terão de ser menores.
Atualmente, as administradoras tradicionais cobram juros de 9% ao mês em média. “As taxas atuais são extorsivas”, diz. Segundo Donizete, 30% dos consumidores inadimplentes no país assumiram suas dívidas em compras no cartão de crédito. “Nos Estados Unidos, os juros são de 2,5% ao ano”, afirma.
Procuradas ao longo da semana pela reportagem, as administradoras de cartões Visanet e Redecard não se manifestaram sobre o assunto. A Associação Brasileira das Empresas de Cartões de Crédito e Serviços (Abecs) informou que toda sua diretoria está em férias e também não quis se pronunciar.
