Lojas de R$ 1,99 crescem e se diversificam no País
Se engana quem pensa que as lojas de R$ 1,99 saíram de moda. O chamado varejo de preço único, formado por esses estabelecimentos, movimenta anualmente R$ 1,6 bilhão no Brasil. Com 18 mil lojas do tipo no País, o setor emprega diretamente 100 mil pessoas. E espera crescer entre 10% e 12% esse ano em comparação com o ano passado.
A primeira loja neste formato no País foi inaugurada em 1995, em Santa Catarina. Daí em diante, se espalhou para os outros estados, com maior concentração nas regiões Sul e Sudeste. “O mercado está a todo vapor, desde o começo do ano. O ápice se deu no Dia das Crianças, quando as vendas praticamente triplicaram”, afirma Eduardo Todres, empresário e organizador da Feira 1,99 Brasil, que acontece em São Paulo. O evento é voltado para lojistas e fornecedores do setor e termina nesta quinta-feira, 28.
Econômica – A mesma opinião defende Nelson Dib Júnior, sócio-proprietário da rede Econômica, com cinco lojas voltadas ao setor. “Até agora, em comparação com o ano passado, crescemos 34%. Contudo, estamos apostando no final do ano para a explosão das vendas”, ressalta Júnior.
O empresário acredita que o crescimento do setor de lojas de preço único se deve ao aumento na variedade de produtos e à diminuição do preconceito em relação a esses pontos-de-venda. “Aos poucos os consumidores estão percebendo que os produtos oferecidos são de boa qualidade. Além disso, a cifra R$ 1,99 é muito forte, despertando o interesse de novos consumidores”, explica Júnior.
A ampla oferta de produtos encontrados nessas lojas, como cosméticos, utensílios de plástico e vidro, ferramentas e brinquedos, entre outros, pode chegar a 6 mil itens diferentes por estabelecimento. “Atualmente as lojas possuem uma média de 1,2 mil itens. As grandes podem ter de 4 mil até 6 mil itens”, destaca Todres.
Preços maiores – Com o aumento da variedade nas prateleiras, surgiu um fenômeno curioso: as lojas denominadas de R$ 1,99 vendem produtos que podem custar até R$ 10. “Cerca de 40% de nossas vendas vêm de produtos que custam mais de R$ 1,99. Esses itens agregam valor no final da compra e ainda são bem mais baratos do que os similares encontrados em lojas de shoppings”, conta Júnior. “Os produtos com preços maiores, apesar de baratos, estão atraindo consumidores de classe média”, completa Todres, que estima ser de 20% a participação média desses produtos nas lojas do setor.
Nacionais – Outra mudança notada ao longo dos nove anos de atuação desse tipo de segmento no Brasil é a substituição gradual de produtos importados pelos similares nacionais. “Os produtos importados tiveram seus preços bastante alterados por causa da cotação do dólar. Além disso, as indústrias brasileiras de maior porte promoveram mudanças em suas linhas de produção, adequando os produtos para justamente para atender esta faixa de preço”, explica Todres.
Atualmente, cerca de 70% de todos os itens disponíveis nas lojas de R$ 1,99 são nacionais e apenas 30% importados.
André Alves