O ligeiro avanço na inadimplência – que não chega a preocupar – não tem como causa uma situação macroeconômica, mas o descontrole de gastos do consumidor e o fato dele ter sido avalista ou emprestado o nome para alguém fazer compras no crediário, segundo revelou a Pesquisa (semestral) de Inadimplência* — SCPC e SCPCheque, feita pelo Instituto de Economia Gastão Vidigal, da Associação Comercial de São Paulo (ACSP).
Segundo a pesquisa, caiu o número de pessoas que apontam o desemprego como causa da inadimplência, de 55% dos entrevistados em setembro de 2008, para 46% em setembro de 2008. Por outro lado, vale destacar que cresceu o número de entrevistados que apontou como causa da inadimplência o “descontrole de gasto” – quase dobrou de 9%, em 2007, para 17%, em 2008 – e “ter sido avalista ou emprestado o nome” – de 12% para 17%, na mesma comparação.
Nesse sentido, a ACSP vem há tempos alertando para os cuidados que o consumidor deve ter ao participar do endividamento de terceiro, emprestando seu nome, com a campanha Movimento de Apoio ao Consumidor (MAC): “Seu nome é seu patrimônio”.
A pesquisa semestral de inadimplência da ACSP revelou também que o consumidor está mais cuidadoso na hora de se endividar e a maioria (79% em 2008 contra 77% em 2007) pretende quitar seus débitos atrasados com recursos próprios (salários). Destaque: caiu de 12% em 2007, para 9% em 2008, os entrevistados que pretendem pagar os atrasados com recursos de “outros”, item que inclui amigos e parentes.
Segundo a Pesquisa (semestral) de Inadimplência do Instituto de Economia da ACSP, em setembro, como já era esperado, caiu de 17% (2007) para 13% (2008) o uso do “consignado”. Além disso, o uso do consignado para quitar dívidas caiu 63% (2007) para 55% (2008), mas cresceu de 11% (2007) para 16% (2008) para comprar produtos.
Esse quadro de incertezas, gerado a partir da crise financeira nos EUA, preocupa a Associação Comercial, informou seu presidente Alencar Burti. Mas como efeitos dessa crise global ainda não são totalmente claros no Brasil, Burti pretende reunir os economistas e executivos da Entidade na próxima semana, para avaliar o tema com maior profundidade.
“Até lá poderemos definir posições e caminhos a serem seguidos pela Associação Comercial, já levando em conta também os desdobramentos das nossas eleições municipais”, salientou Burti.