Fumar está proibido em qualquer ambiente coletivo, seja ele público ou privado. Isto é o que determina a nova lei aprovada na última terça-feira pela Assembléia Legislativa de São Paulo. Em Guarulhos, os proprietários de bares e restaurantes já estão se adaptando à norma, mesmo tendo 90 dias para se adequarem.
Para os estabelecimentos que não seguirem a nova norma, está prevista a aplicação de multas e, se houver reincidência, o comércio poderá ser interditado. Esta é exatamente a maior preocupação de Nélio Nei Angaratto, gerente da Churrascaria e Chopperia Ponto Ká, na avenida Paulo Faccini. “O que mais me preocupa são as multas e as punições, porque tem cliente que não aceita a nossa recomendação. Eu já mandei tirar os cinzeiros daqui de dentro do restaurante”.
Em relação ao movimento da casa, Angaratto acredita que não haverá mudanças, já que as pessoas não deixarão de sair porque não podem mais fumar. “Muitas pessoas já levantam das mesas para fumar lá fora. Então acredito que não haverá mudança no nosso movimento”.
Giovanni Cino, proprietário da Cantina Giovanni, na avenida Dr. Timóteo Penteado, afirma que antes mesmo da lei ser aprovada, ele já estava se adaptando a ela. “Eu estava prevendo que seria assim. Na Itália, existe a mesma lei”. Cino também concorda que a medida não trará mudanças em relação ao movimento da casa. “As pessoas não vão deixar de vir aqui para ir a um outro lugar, porque em todos haverá a mesma lei”.
Reclamações – Antonio Carvalho, sócio-proprietário da casa de snooker Santo Taco, no centro da cidade, acredita que a nova lei poderá interferir no movimento da casa, já que as pessoas estão acostumadas a jogarem sinuca bebendo e fumando. “No começo as pessoas vão reclamar bastante, e então teremos que ter paciência para explicar que a culpa não é nossa. Vamos ter que conscientizar aos poucos as pessoas”.
Para amenizar a queda no movimento, Carvalho diz que já desenvolve estratégias para manter a clientela. “Nós precisamos de uma adaptação constante, então desenvolvemos promoções, damos descontos, tudo para diminuir os impactos da lei”.
A Churrascaria do Bosque, no Jardim Maia, já eliminou a área destinada a fumantes no salão do estabelecimento. O gerente Reginaldo de Lima lamenta a provação da nova lei, já que o consumo das pessoas que fumam é maior do que aquelas que não têm o vício. “Para nós, essa lei não é boa, pois os fumantes são os que mais consomem, principalmente bebidas. Eu acho que eles vão consumir menos”.
Na Kasa 10, a nova lei só será cumprida na data limite, ou seja, 90 dias após a aprovação da lei pelo governador José Serra. “Os meus clientes fumantes continuarão fumando na varanda externa. Não tem motivo eu proibi-los de uma liberdade que eles têm”, afirmou Neguinha, dona do restaurante. Para ela, a lei é arbitrária e servirá apenas para prejudicar os comerciantes. “Sabe o que vai acontecer? Agora, os restaurantes vão acrescentar a palavra tabacaria no nome. Tudo vai ser ‘bar, restaurante e tabacaria”, reclamou. De acordo com o projeto de lei aprovado, é permitido fumar apenas em casa, na rua, em tabacarias ou em cultos religiosos, caso a prática seja parte do ritual.
A polêmica em relação aos cigarros já causa problemas na Churrascaria Carreteiro, no bairro do Macedo, pois alguns clientes se incomodam com a fumaça e fazem reclamações. De acordo com José Gomes Vilela, sócio-proprietário do restaurante, houve momentos em que foi necessário solicitar ao cliente que apagasse o cigarro. “E as pessoas questionam: ‘se não pode fumar aqui, por que é que vocês vendem cigarro? Ai eu respondo que não podemos perder a freguesia, porque infelizmente tem muita gente que só entra para comprar cigarro”.